O prefeito Dário Saadi vai cometer um enorme erro logo no início do seu segundo mandato. A já ventilada mudança no comando da Emdec e da Secretaria de Transportes vai totalmente de encontro com o que aconteceu nos primeiros quatro anos do governo.
Apesar de todos os percalços e problemas que ocorreram até agora, Vinicius Riverete e Fernando de Caires fizeram o que até então ninguém tinha feito, que foi literalmente abrir as portas da Emdec para a população.
A própria equipe do ODC esteve presente em várias reuniões na sede da empresa para discutir melhorias e levar ideias para o sistema de transporte público da cidade. Líderes comunitários, grupos e outras pessoas participaram de diversos debates abertos pela dupla.
Riverete obviamente é a parte política do comando da Emdec, articulando junto a vereadores, outros secretários e deputados que levavam demandas à empresa. Já de Caires é o técnico, com formação na área e com ampla abertura para as ideias da população.
Não podemos nos esquecer que está em andamento um processo licitatório para o novo sistema de transportes de Campinas. Riverete e de Caires estão capitaneando o processo e estão a par de tudo, mas parece que por conta de uma política suja poderão ser substituídos.
Riverete e de Caires eram do União Brasil, partido que apoiou Rafa Zimbaldi, candidato que ficou em terceiro lugar nas eleições deste ano. O apoio partiu do presidente do partido em São Paulo, o vereador paulistano Milton Leite, indo totalmente de encontro com a legenda em Campinas.
Uma situação completamente constrangedora aconteceu semanas da eleição, com a parte campineira do partido fazendo uma convenção e anunciando o apoio a Dário. Dias depois, a parte estadual fez outra convenção e anunciou o apoio a Zimbaldi.
O União Brasil em Campinas, que tinha vereadores como Rodrigo da Farmadic e Edison Ribeiro, permaneceu firme apoiando a campanha de reeleição de Dário Saadi, contrariando o diretório estadual. Os dois diretórios entraram na justiça e no fim a vontade da estadual venceu, inclusive com a indicação da vice na chapa de Zimbaldi.
Dessa forma, todos os integrantes do União Brasil em Campinas pediram desfiliação e permaneceram ao lado de Dário até o final. Todos sabem o final disso, mas partidos ávidos por poder já estavam de olho na presidência da Emdec e da Secretaria de Transportes, que têm grande visibilidade pública.
Um erro crasso está para ser cometido, pois a dupla Riverete – De Caires está para ser substituída no meio do processo licitatório do transporte. De acordo com informações que vazaram para a imprensa, alguém do Progressistas poderia assumir a pasta.
Dário, dessa forma, mostra ter dois pesos e duas medidas. Apesar de todas as polêmicas de sua péssima gestão frente à Emdec, o engenheiro elétrico Carlos José Barreiro foi mantido no governo, sendo remanejado para a Secretaria de Infraestrutura com o objetivo de “continuar à frente das obras do BRT”, pois ele que deu início e já estaria a par de tudo.
Por que isso não pode ser aplicado na licitação do transporte? Se Riverete e De Caires já estão à frente de tudo, por quê então não são mantidos pelo menos até o final do certame? A sede por poder da turminha do Progressistas é tão grande assim?
O caminho que Dário está tomando é um erro que poderá não ter volta. Barreiro completará quatro anos na Infraestrutura com uma tonelada de obras atrasadas, como a reforma do Mercado Municipal, a reforma do Centro de Convivência e o BRT que, incrivelmente, até hoje não está pronto. E mesmo assim deverá ser mantido no governo. O que ele tem que sempre continua, apesar da sua péssima gestão?
Lembrando que o Ministério Público chegou a recomendar a saída de Barreiro da Emdec no caso do escândalo das multas, quando ele foi apontado como autor de algumas multas de trânsito, mas o prefeito da época, atual deputado Jonas Donizette, dobrou a aposta e infantilmente o manteve, com o argumento de que “ele não faria mais isso”.
A possível saída de De Caires e de Riverete da Emdec e da Setransp será um erro crasso e um fechamento inédito de portas, e o que poderá atrasar ainda mais o processo de melhorias do transporte público em Campinas, que precisa de mudanças urgentes.