Operação contra tráfico por Viracopos encontra muito dinheiro

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (10) a Operação Lavaggio para apurar crimes de lavagem de dinheiro a partir do tráfico internacional de drogas praticado no Aeroporto Internacional de Viracopos.
A ação é um braço da megaoperação Overload, deflagrada no ano passado contra uma organização criminosa que usava o aeroporto de Campinas como base para enviar drogas para a Europa.
Ao todo, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão e sete ordens judiciais de bloqueio de imóveis em Campinas (6) e Monte Mor (1), contabilizando um congelamento dos bens de aproximadamente R$ 3 milhões.
Na operação de hoje ninguém foi preso e o principal foco foram os mandados judiciais contra um dos líderes da organização, que foi preso durante a operação Overload.
De acordo com o delegado chefe da Polícia Federal em Campinas, Edson Geraldo de Souza, o suspeito era um dos responsáveis por enviar a droga do Aeroporto de Viracopos para a Europa e seu papel na organização criminosa era de fazer a “ponte” com traficantes internacionais e nacionais, além da cooptação de empregados dentro do sítio aeroportuário.
“A operação lavagem toca neste indivíduo com o objetivo é identificar as pessoas da família dele que o auxiliavam na lavagem de dinheiro. A investigação verificou que duas irmãs e a filha dele e mais duas pessoas jurídicas para suas negociações de lavagem”, disse Souza.
De acordo com o delegado, foram identificados pelo menos 20 atos de lavagem de dinheiro, entre eles os de alienações de veículos, compras de casas, chácaras e apartamentos, envolvendo familiares, terceiros e pessoas jurídicas que não têm renda compatível com as transações.
Entre os imóveis constam apartamentos, casas e chácaras.
“Na operação Overload detectamos que alguns dos investigados movimentaram até R$ 10 milhões em suas contas, quer com compra e venda de imóveis ou circulação de dinheiro”, frisou o delegado.
A nova investigação teve início a partir de análises de documentos e informações de inteligência obtidas após o esquema de tráfico ter sido descoberto.
O objetivo deste desdobramento de hoje é reunir provas dos crimes cometidos pelo suspeito.
A Operação Overload
O esquema foi revelado em outubro de 2020 pela Operação Overload. Sete pessoas permanecem presas por conta da ação.
Ao menos 32 suspeitos foram presos e dois morreram.
A quadrilha utilizava de ameaças a funcionários para ter acesso a informações privilegiadas do esquema de segurança para fazer o transporte de drogas com trator, em palets, malas e até com veículo de entrega de comida.
A PF constatou que a quadrilha é formada por brasileiros que ficavam responsáveis pelo fornecimento de cocaína que seria levada para a Europa.
Ainda de acordo com a investigação, entre os funcionários e ex-funcionários terceirizados de Viracopos que atuam com a quadrilha estão vigilantes, operadores de tratores, coordenadores de tráfego, motoristas de viaturas, auxiliares de rampa, operadores de equipamentos e funcionários de empresas fornecedoras de refeições a tripulantes e passageiros, que eram os responsáveis pelo esquema de embarque das drogas nas aeronaves com destino ao exterior.
Nos últimos dois anos, durante a investigação, R$ 7 milhões em patrimônio dos suspeitos foram bloqueados pela Justiça.
No dia 6 de outubro do ano passado, quando a Operação Overload foi deflagrada, a Polícia Federal apreendeu em uma casa de Monte Mor, mesmo local de uma das buscas desta quarta-feira, R$ 180 mil em dinheiro.
Os envolvidos vão responder por lavagem de dinheiro, com pena que pode chegar a 10 anos de prisão.
“As pessoas que emprestam nomes, cientes da origem do dinheiro, para colocar em veículos, em imóveis e até abrir contas bancárias, vão responder pelos mesmos crimes e a pena pode aumentar 1/3 se comprovar participação no esquema criminoso”, disse Souza.
O nome da operação tem origem na palavra em italiano, que significa lavagem e faz referência à ocultação de bens e capitais praticada pela quadrilha.