Artigo: Combate à gordofobia: preconceito é problema para pessoas obesas

Discriminação impacta a saúde mental e a qualidade de vida de pessoas que estão acima do peso.

No dia 10 de setembro é celebrado o Dia de Luta contra a Gordofobia. A data tem o propósito de promover o debate e a conscientização sobre o tema para garantir o respeito e o bem-estar das pessoas que estão acima do peso, que correspondem a mais da metade da população adulta do país.

De acordo com dados da última edição do Congresso Internacional sobre Obesidade, 56% dos adultos brasileiros estão acima do peso, sendo 34% classificados como obesos e 22% com sobrepeso. A projeção é que, em 20 anos, quase metade dos adultos estará obeso e outros 27% estarão em sobrepeso, somando, aproximadamente, 130 milhões de pessoas.

Quem convive com o sobrepeso e a obesidade, quase sempre precisa lidar com episódios de gordofobia. Números divulgados pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) mostram que oito em cada dez pessoas já sofreram preconceito por causa do peso. A realidade acende o alerta para a necessidade de combater esse tipo de preconceito.

Brasileiros são vítimas de gordofobia desde a infância

A cartilha “Senado contra a gordofobia”, elaborada pelo Senado Federal, define esse tipo de preconceito como um conjunto de práticas que excluem, segregam e inviabilizam o corpo gordo. O estudo “Mapeamento da Gordofobia no Brasil” explica que se trata de um problema estrutural de uma sociedade na qual aceitável e bonito são apenas os corpos magros.

De acordo com o estudo, 97,8% das pessoas gordas já sofreram gordofobia no Brasil. Quando questionados sobre a primeira situação em que foram vítimas do preconceito, 59,5% afirmaram ter sido acometidas pela violência e exclusão na infância, até os 10 anos, e 18,2% durante a adolescência, até os 18.

Na vida adulta, os episódios de gordofobia também são recorrentes. Dados do levantamento elaborado pela Abeso mostram que, nessa fase da vida, os casos de constrangimento ou discriminação são comuns em lojas, no trabalho e em consultórios médicos. A pesquisa também apontou que 72% das pessoas disseram terem sofrido gordofobia no ambiente familiar, local que esperavam receber acolhimento.

Gordofobia traz prejuízos à saúde mental

Conforme informações da Universidade Federal de São Paulo (USP), a obesidade é uma doença crônica que pode vir acompanhada de outras enfermidades, como diabetes, problemas cardiovasculares e cânceres. Por isso, requer o tratamento adequado.

No entanto, é possível que pessoas acima do peso tenham uma boa saúde. Somente uma avaliação médica pode atestar as condições clínicas do paciente. Caso seja necessário o tratamento para redução e controle do peso, o acompanhamento nutricional, a prática de atividades físicas orientada, a medicação, o uso de suplementos, como cápsulas de Morosil, ou a cirurgia bariátrica são métodos que podem ser indicados, considerando as especificidades de cada pessoa.

A gordofobia pode prejudicar a saúde mental das pessoas que estão acima do peso, afetando a autoestima. De acordo com o Senado Federal, o preconceito deixa danos permanentes na pessoa atingida, podendo levar a transtornos de imagem corporal e alimentares, depressão, ansiedade e até suicídio.

Além disso, a pressa para reverter os quilos na balança pode fazer com que as pessoas tomem medidas não recomendadas pelos órgãos de saúde. O levantamento da Abeso mostrou que, apesar de 68% das pessoas com obesidade e sobrepeso tentarem emagrecer com ajuda especializada, 30% buscaram reverter a situação por conta própria.

Já 18% dos entrevistados afirmaram recorrer à medicação sem prescrição médica ou substituindo refeições por shakes, produtos ou medicamentos vendidos na internet. Decisões como estas podem impactar na saúde e na qualidade de vida, trazendo complicações para a saúde.

De acordo com o Ministério da Saúde, as melhores escolhas para perder peso são sempre o acompanhamento profissional em conjunto a reeducação alimentar, a adoção de hábitos saudáveis e a prática regular de atividade física.

O Senado Federal destaca, ainda, que a perda de peso deve vir apenas por questões de saúde e não para se encaixar num determinado padrão de beleza. A autoaceitação tem a ver com autoconhecimento e o entendimento de que um corpo não é igual ao outro e nem deve ser, que cada pessoa é única.

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