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Botão Bela: um belo projeto, mas que estranhamente não caiu nas graças do povo

A Emdec ganhou um prêmio do Parque da Mobilidade Urbana (PMU), o maior evento de Mobilidade Urbana da América Latina, pelo Botão de Emergência na Luta Contra o Assédio (Bela), que serve para mulheres que são vítimas de homens sem noção ou de qualquer outro tipo de assédio dentro do transporte coletivo da cidade.

O PMU tem o objetivo de reunir organizações comprometidas com o desenvolvimento da mobilidade urbana sustentável, disruptiva e inclusiva e permeia os diferentes atores que fazem parte desse contexto e permite que o assunto seja abordado por meio de diversas esferas.

O botão venceu na categoria “Iniciativas que inovam e transformam”, e foi um prêmio extremamente merecido. O Bela foi o primeiro mecanismo criado no país para facilitar a denúncia de casos de assédio dentro de ônibus. O sistema está disponível por meio do aplicativo da Emdec.

Mas, estranhamente, o botão não caiu nas graças do povo de Campinas. Não foi usado sequer uma vez em mais de um ano de funcionamento, segundo a própria Emdec. Isso significa que o povo daqui é educado e não assedia ninguém no transporte? Claro que não. Se tem algo que o campineiro é, é ser desrespeitoso com as outras pessoas.

A tecnologia do botão foi ‘exportada’ para outras cidades e outros Estados com um resultado muito mais efetivo, várias denúncias, muita gente presa. Então, o que será que acontece que aqui o sistema não vinga?

O medo da denúncia? Isso é uma realidade, mas não pode ser creditado como único motivo. Talvez o fato de estar vinculado ao aplicativo da Emdec e não ter um app próprio? Apesar de ter relação direta com o medo, também não é algo que possa significar a nula adesão.

A verdade é que não é hora de procurar motivos, mas sim incentivar o uso do aplicativo para colocar quem é assediador na cadeia, que é o lugar que merece.

Como usar o botão?

Para utilizá-lo, a pessoa precisa realizar um cadastro inicial com antecedência, informando o nome, telefone, data de nascimento; e nome do responsável e telefone do responsável, no caso de menor de idade. Também deve permitir acesso à localização do celular, durante todo o tempo. O cadastro é realizado uma única vez, devendo ser feito logo que o aplicativo da Emdec for baixado. Quem já possui o aplicativo deve baixar a nova versão.

No caso de sofrer algum tipo de assédio sexual dentro do sistema de transporte público coletivo municipal, a mulher aciona o botão específico no aplicativo. Com base na localização do celular e utilizando o banco de dados do aplicativo “CittaMobi”, aparece a opção de linhas que circulam na região. Aí, ela seleciona a linha e envia a solicitação. Há um tempo de quatro segundos para cancelar a chamada.

A chamada sendo confirmada, a Central de Operações da GM é acionada. O operador da Central tem acesso ao itinerário da linha informada e, também, à localização da vítima, em tempo real, possibilitando a melhor definição de estratégia de abordagem do ônibus. O aplicativo deve estar ativo o tempo todo, mesmo em segundo plano, para o acompanhamento da localização da vítima.

Importante destacar que não somente a vítima de assédio sexual pode utilizar o aplicativo. Qualquer pessoa que presenciar tal situação poderá utilizar o aplicativo, neste caso informando que não é a vítima.

Sobre o ODC

Este é o único site da região que trata do transporte coletivo e mobilidade urbana com a seriedade, rigor e precisão que o tema merece.

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