Câmeras flagram filhote de onça-parda na Mata Santa Genebra em Campinas

As câmeras de monitoramento da Mata Santa Genebra em Campinas flagraram um pequeno filhote de onça-parda andando pelo local. Os vídeos foram feitos entre os dias 29 de novembro e 2 de dezembro.

De acordo com Thomaz Barrella, biólogo da Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO), que administra a unidade de conservação, o filhote deve ter nascido em julho deste ano e estaria, portanto, com cerca de 5 meses.

Veja o vídeo do filhote de onça-parda, de 5 meses: https://www.youtube.com/shorts/GqjDqrKIp0M.

“Estávamos ansiosos por esse momento, pois acompanhamos desde março o desenrolar dessa história…. Em março registramos a fêmea acompanhada por um macho. Nos meses que se seguiram, até meados de junho, acompanhamos a evolução da gravidez e entre a segunda metade de junho e a primeira quinzena de julho não registramos a fêmea circulando pela unidade. Quando, então, ela voltou a circular, já estava no pós-parto. Desde então estávamos ansiosos pelo momento em que registraríamos ‘o’ ou ‘os’ filhotes, o que pode demorar um pouco, pois os filhotes ficam por um período de 3 a 4 meses no ninho, para só então passar a acompanhar a mãe”, explica o biólogo. Segundo Barrella, a mãe cuida do filhote por cerca de um ano, depois ela conduz o filhote para longe de seu território para que ele busque seu próprio caminho.

“Nos vídeos o filhote aparece sozinho, porém em registros imediatamente anteriores ou posteriores a mãe estava sempre presente e próxima”, disse. O biólogo explica que filhote é inexperiente, por isso o comportamento “inseguro” e também de curiosidade de explorar a área por onde passa.

Outras flagrantes de onça-parda na Mata

Neste ano, as câmeras já registraram onças-pardas pelo menos mais duas vezes. Uma das imagens flagra raridades: duas fêmeas convivendo juntas e um registro feito durante do dia. Na outra, é possível ver um filhote de onça-parda acompanhado da mãe e outro filhote ao fundo.(veja os links para os vídeos abaixo).

“No início desse ano registramos em nossas armadilhas fotográficas a presença de duas fêmeas adultas de onça parda na Mata, uma que estava com dois filhotes já bem desenvolvidos. Já tínhamos um registro anterior da outra onça, acompanhada de um macho e essas novas imagens mostraram que estava prenha. A presença de duas fêmeas adultas em reprodução na mesma área nos intrigou, pois a fêmea residente não permite outra fêmea adulta em seu território. Porém consideramos que o que pode estar acontecendo é uma espécie de “passagem de território”, uma vez que uma das fêmeas, que registramos por aqui desde 2012, já está chegando no limite do tempo médio de vida para a espécie e por isso pode ter permitido que uma de suas filhas compartilhasse a área para no futuro assumir como seu território”, explica Barrella.

Em abril deste ano, um filhote de onça-parda foi flagrado pelas câmeras instaladas às margens do Mini Pantanal Sanã, na Mata de Santa Genebra.

Nas imagens, é possível notar ao fundo os olhos brilhantes de mais duas onças, da mãe e de outro filhote. Este flagrante aconteceu no dia 20 de março, à 1:58 da madrugada.

Veja o vídeo das duas fêmeas de onça-parda caminhando pela Mata de Santa Genebra:

https://www.youtube.com/watch?v=4_KxniyIIjk.

Veja o vídeo do filhote de onça-parda acompanhado da mãe e outro filhote ao fundo:

https://www.youtube.com/watch?v=4nqduDWqTRM.

“Aqui na Mata de Santa Genebra, as armadilhas fotográficas instaladas pela equipe técnica tem registrado regularmente a presença de onças pardas desde 2012, com registros da fêmea, do macho e de algumas ninhadas”, disse o biólogo da Mata, Thomaz Barrella. Segundo ele, as onças vagam por todo seu território em busca de água e alimento. “E nessa área ela poderia encontrar as duas coisas, motivo pelo qual ela deveria estar por ali”, explica.

Monitoramento na Mata

O monitoramento de fauna tem por objetivo acompanhar a presença, o fluxo e a saúde dos animais na floresta, e desta forma é possível saber se há a necessidade de alguma intervenção; que áreas estão mais equilibradas; se há interação entre as espécies e de que tipo; se um animal é residente, ou se está só de passagem pela Mata; se há preferência por um local específico ou se utilizam todo o espaço; se ficam somente no interior da floresta ou se utilizam as áreas ao redor.

Atualmente, a FJPO conta com 11 armadilhas fotográficas estrategicamente distribuídas pelo interior e bordas de toda a Mata. “As câmeras são capazes de filmar tanto durante o dia, como à noite, quando utilizam o sistema de visão noturna por infravermelho, que não é percebido pelos animais e assim não os assusta ou interfere nas suas atividades. Elas possuem sensores de movimento que ao detectar a presença dos animais inicia a gravação de um vídeo”, explica o biólogo da Mata, Thomaz Barrella. A cada 15 a 30 dias, os biólogos e técnicos da FJPO visitam os pontos das câmeras, fazem a checagem das baterias e trocam os cartões de memória. “É então que vem o momento mais esperado, saber quais animais foram flagrados”, conta Barrella.

Esse monitoramento é feito desde 2014 e já foram registradas diversas espécies além da onça-parda e do cachorro-do-mato. Há imagens de jaguatirica, gato-do-mato-do-sul, mão-pelada, tatu-galinha, tatu-peba, gambá-de-orelha-branca, gambá-de-orelha-preta, serelepe (o esquilo brasileiro), tapiti (única espécie de coelho nativa do Brasil), lontra, capivara, furão-pequeno, cuíca, macaco-prego, bugio-ruivo, serpentes, lagartos, diversas aves, sendo dois registros os primeiros em imagem para a cidade de Campinas, o Falcão-relógio e o inhambu-chintã. Por meio das câmeras, também há registros do veado-catingueiro, espécie que não era avistada na floresta havia 30 anos. “Pudemos acompanhar sete crias da onça-parda, o que nos mostra que essa floresta é um refúgio para a fauna e que nosso trabalho, para mantê-la saudável, está surtindo efeito”, afirma o biólogo.

“Infelizmente também registramos cães e gatos domésticos, porco, boi, cavalos, que são animais que não deveriam estar nesse ambiente pois impactam negativamente no equilíbrio da floresta, seja pela predação, como pelo consumo de plantas nativas, a possibilidade de trazer doenças para os animais nativos e levar doenças que são típicas do ambiente florestal para fora, representando um risco à saúde pública e ao equilíbrio do ecossistema”, explica Barrella.

Da Redação ODC.
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