Campinas já teve um transporte bom, hoje é reflexo de má gestão da prefeitura dos últimos 10 anos

O transporte público em Campinas já viveu tempos áureos com operação de primeira linha. A frota já foi alinhada e nova, por mais incrível que possa parecer.

A prefeitura largou mão do sistema ainda no governo anterior, quando foi feita a menor renovação de frota da história, mesmo com um contrato em vigor. A frouxidão da presidência da Emdec na época colaborou com esse cenário.

A chegada dos veículos de aplicativos no transporte de pessoas também ajudou a piorar a situação, pois como o transporte público já estava em declínio, a situação se assemelhou à chegada dos perueiros em 1997.

Na ocasião, investimentos foram cortados, empresas faliram ou foram vendidas e a frota entrou numa espiral de sucateamento. A mudança aconteceu apenas em 2001, com a troca do prefeito.

Hoje, Campinas precisa de um novo sistema de transportes, que funcione de forma complementar ou troncal a outros modais que existem pela cidade. Também já deve estar preparado para possíveis mudanças futuras, como a chegada do Trem Intercidades e do VLT Metropolitano, se saírem do papel.

Não será razoável acusar tais novos modais de responsáveis pela queda no número de passageiros no transporte público campineiro, pois todos devem trabalhar em conjunto.

O auge do transporte campineiro aconteceu entre os anos de 1990 e 1994, com a renovação total da frota da cidade e o início da troncalização, além da municipalização parcial do serviço, quando a prefeitura colocou a Emdec para operar as linhas da região do Campo Grande.

Quem mora na região desde então lembra com muito carinho dos ônibus da Emdec, empresa que trouxe os primeiros veículos articulados para a cidade. Dizem que a operação era muito boa e não deixava a população “na mão”.

Depois da transferência das linhas para a Viação Santa Catarina, as coisas começaram a mudar, porém entraram novamente em declínio em 1997, com o início da sua falência até seu fechamento definitivo, em 2000. Na ocasião, a população sofreu muito com sua frota velha e sem manutenção.

Hoje, o sistema carece de investimentos da própria prefeitura, o que ajuda a proliferar o transporte por aplicativo, levando passageiros para motos em um modal arriscado e perigoso. Mesmo com os números da própria Emdec indicando os riscos da motocicleta, não faz nada para melhorar o transporte público.

Jogar tudo nas costas de uma licitação que nem se sabe se ainda dará certo é no mínimo irresponsável. O fato é que o transporte de Campinas está abandonado há pelo menos uma década, e a culpa disso tudo é da própria prefeitura, com sua política elitista e individualista.

Da Redação ODC.
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