No Dia da Mentira, Dário anuncia 50 ônibus novos, mas não é bem assim

Depois de uma reunião vazia e sem compromissos, o prefeito Dário Saadi voltou a tocar no assunto uma vez que a ‘cortina de fumaça’ criada em torno do assunto já tinha se dissipado.

Agora, Dário disse que a cidade de Campinas receberá 50 ônibus novos. A vergonha deve ter ficado em casa ao anunciar uma suposta renovação pífia apenas para “calar” a imprensa e influenciadores.

Os problemas do transporte campineiro passam por vários outros motivos e culminam em sua maioria na incompetência de lançar um edital de licitação. Por sinal, a minuta do edital finalmente foi divulgada pela prefeitura e já está disponível.

Considerando que Campinas tem quase 1000 ônibus em operação, 50 coletivos novos representa em torno de 5% do montante, o que de longe não irá resolver em nada o problema.

De acordo com interlocutores ouvidos por este colunista, desses 50 ônibus quase nenhum será zero quilômetro. A prefeitura usou do subterfúgio do termo “novo” para dizer que vem algo diferente, mas não zero. E não houve exigência nenhuma, apenas benevolência em algo que já estava previsto em acontecer.

A maior parte do lote será de veículos seminovos, o que já foi comprado no ano passado e em número muito maior e sem alarde. Parece que agora a prefeitura resolveu se preocupar com esse assunto depois de matérias veiculadas na imprensa.

Por sinal, matérias um tanto quanto suspeitas. Enquanto influenciadores da cidade batem na tecla dos problemas do sistema de transporte, parte da imprensa parece ter sido orquestrada a publicar materiais sobre o mesmo assunto. Dois dias depois, a tal reunião na prefeitura para mostrar que Dário está “interessado” em resolver o problema.

Os problemas no transporte irão continuar até que o processo licitatório, quase eterno, seja finalizado. A minuta do edital publicada nesta quarta-feira mostra que muita coisa mudou em relação ao processo fracassado anterior e ficou muito parecido com o atual sistema, dividindo a cidade em duas ao invés de seis áreas operacionais, e os perueiros foram incluídos no mapa de linhas, sendo abandonado a ideia de colocá-los como alimentadores das linhas diretas.

O medo dos legisladores e o grito dos perueiros ecoou mais alto. Com muita gente infiltrada entre as cooperativas, a Emdec resolveu não mexer no vespeiro e manter o que eles mesmos queriam, como uma relação de filho mimado e pai omisso.

Voltando à renovação de frota, a prefeitura está fazendo um carnaval fora de época totalmente desnecessário para mostrar que está trabalhando. Em 2001, em uma situação parecida, o então prefeito Toninho pediu 100 ônibus, e foi atendido. Agora, míseros 50 coletivos é apenas um “cala-boca” para a população.

E é sabido: sem contrato longo, não há como renovar a frota. A prefeitura deveria ter feito sua parte lá atrás em resolver esse problema da licitação, mas se preocupou com patinetes no Taquaral ao invés de um sistema BRT mal implantado e falido.

A construção ruim do BRT não é culpa da Emdec, pois o secretário responsável (ou irresponsável) por essa megalomania fez tudo de ruim e deixou a bomba para a atual gestão resolver, e tudo é feito dentro das possibilidades, mas pode ser feito melhor, falta a tal da vontade política.

A questão principal é: de quem é a culpa de tudo isso estar acontecendo e dessa má vontade toda da prefeitura? Quem reelegeu esse governo?

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