O Natal no Ouro Verde e o prefeito virtual: perto de Dubai, longe da Ruy Rodriguez

Domingo à noite, 30 de novembro. Um evento de Natal da prefeitura acontece no Ouro Verde.

As famílias estão lá. As crianças estão lá. A secretária Adriana Flosi está lá. (Sim, sobrou para a Secretária de Desenvolvimento, que nem vice-prefeita é, a nobre missão de “tapar buraco” de autoridade no domingo à noite).

Mas adivinhem quem não está lá? Ele mesmo. O nosso Indiana Jones da gestão pública, o homem que vai a Dubai ver barcos e que oferece consultoria ao prefeito de Nova York via vídeo: Dário Saadi.

O Abraço Terceirizado

A cena foi de um constrangimento ímpar. Adriana Flosi subiu ao palco e, com o sorriso de quem preferia estar em qualquer outro lugar, soltou a frase clássica:

“Quero mandar um abraço a todos vocês em nome do prefeito Dário Saadi.”

Que comovente! Um abraço por procuração! É a “uberização” do afeto político. O prefeito não pôde comparecer, então mandou sua emissária. Talvez ele estivesse muito ocupado procurando onde guardou o edital de licitação do transporte (que estava prometido para novembro, lembram?), ou gravando mais um vídeo comparando o Taquaral ao Central Park.

A Geografia Seletiva (e a Oportunidade Perdida)

Vamos analisar a logística do nosso prefeito:

  • Dubai (12.000 km): Dário vai fisicamente, visita o deserto, o mercado de ouro e o barco velho.
  • Nova York (7.600 km): Dário não foi de corpo, mas sua autoestima foi. Ele gravou vídeo dizendo que Campinas é melhor e ofereceu ajuda ao prefeito de lá.
  • Ouro Verde (15 km do Centro): “Ih, é muito longe. Manda a Adriana.”

O mais irônico é que Dário perdeu uma chance de ouro (não o de Dubai, o nosso mesmo).

Para chegar ao Ouro Verde, ele não precisava de passaporte nem de jatinho. Bastava pegar a Ruy Rodriguez ou a Santos Dumont.

Melhor ainda: ele poderia ter ido de BRT. Imaginem a cena histórica: Dário Saadi embarcando no Terminal Central, sentindo o conforto e a comodidade do BRT que é de praxe aos domingos (contém ironia). Depois descendo triunfante no Terminal Ouro Verde para abraçar o povo.

Seria a prova de fogo! Ele poderia ver, in loco, a maravilha que diz ter construído.

Mas não. Dário prefere o BRT apenas nos discursos. E visitar o Ouro Verde fica para o vice Wandão e para os secretários.

O recado foi dado: para fazer business em Dubai ou lacrar na internet sobre Nova York, o prefeito está sempre disponível. Mas para ver a Campinas que existe da Rodovia dos Bandeirantes para frente num domingo… bem, aí é longe demais.

Feliz Natal, Ouro Verde! É mais fácil aparecer o Papai Noel de trenó (ou mesmo de BRT) do que o nosso querido e amado prefeito.