Direção da escola Anibal de Freitas se retrata em grupo sobre ‘preconceito’ contra sugestão de aluno de 11 anos

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A direção da Escola Estadual Professor Anibal de Freitas, no Jardim Guanabara, em Campinas, se retratou no grupo de WhatsApp da unidade sobre uma situação vexatória que expôs um estudante de 11 anos, na última sexta-feira, dia 11, após o garoto propor no grupo da sala de aula um trabalho sobre LGBT.

A informação é da Secretaria da Educação de São Paulo (Seduc-SP). Além disso, segundo a Pasta, hoje, uma nova carta está sendo preparada para ser enviada exclusivamente aos responsáveis da criança.

“Foi aberto um PAD (Processo Administrativo Disciplinar), para apurar a conduta da equipe escolar. Uma equipe do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva SP) também irá apoiar o estudante, sua família e a comunidade escolar. Hoje, psicólogos da Diretoria de Ensino e do Conviva irão atender presencialmente o estudante”, frisou em nota a Seduc-SP.

Apesar da retratação, a irmã do garoto, a bacharel em direito, Danielle Cristina Pereira de Oliveira, de 26 anos, disse que na nota publicada não foi feito o pedido de desculpas pública. “A escola não assumiu o erro e nem citou o nome da escola. Então é uma nota vaga, faltando informações”, disse a jovem, frisando que pediu o afastamento da diretora da escola e da mediadora.

INVESTIGAÇÃO
Paralelo a isso, a Polícia Civil de Campinas também iniciou investigações preliminares sobre a denúncia de Danielle, de preconceito e coação feita contra a direção da escola.

Segundo a jovem, o irmão foi “massacrado” e coagido no grupo de WhatsApp.

O grupo é composto por alunos, direção, professores e pais. As críticas foram feitas por pais e direção da escola.

A denúncia é apurada pelo 7º Distrito Policial (DP), em Barão Geraldo. Por se tratar de menor de idade, criança, o delegado Maurício
Geremonte disse apenas que todos os envolvidos serão convidados a prestar esclarecimentos.

O CASO
De acordo com Danielle, a postagem foi feita por volta das 18h e pouco tempo depois começaram as mensagens negativas, criticando a sugestão do garoto e também pedindo a remoção dele do grupo. A justificativa era de que a sugestão era inadequada e imprópria para a idade da criança.

O menino cursa a 6ª séria e começou na escola neste ano.

Além das críticas, uma mediadora da escola, se passando por coordenadora, a mando da direção, chegou a ligar, por volta das 20h daquele dia, para exigir que o menino apagasse o que havia postado. “Ela (mediadora) coagiu o meu irmão, em voz alta. Ao em vez de ela ligar para um responsável, ligou para ele, uma criança. Ela tinha que resolver com um adulto. Sem contar que também se direcionou a ele no grupo. O expôs ao em vez de o acolher e defende-los das críticas. Como educadores, deveriam dar exemplo”, disse a bacharel.

A pressão da direção e as críticas dos pais dos colegas, fizeram com que o garoto se entristecesse e deixasse de comer. Segundo
Danielle, o irmão passou a acreditar que havia sugerido algo mal, que desagradou até a família. “Vi a atitude dos pais e da direção como preconceituosa. Não vi maldade na sugestão do meu irmão. Aqui em casa, falamos abertamente do tema. A criança tem que aprender e ser educada dentro de casa”, falou Danielle. “Penso que não precisamos aceitar tudo, mas respeitar o outro. Se não quer que o filho aprenda, ao menos respeita a sugestão do outro. É um absurdo o que aconteceu”, acrescentou.

Revoltada com a atitude e falta de apoio da direção, Danielle registou boletim de ocorrência eletrônico e também fez um desabafo nas redes sociais. Em pouco tempo, a mensagem foi visualizada por mais de 100 mil internautas.
Solidários com o menino, estudantes, integrantes de diversos grupos de Campinas e de outros enviaram mensagens de apoio, inclusive, alguns organizaram para amanhã cedo fazer um protesto silencioso em frente a escola.

A proposta é colocar cartazes com o tema sugerido pelo garoto na calçada da escola e deixarem o local em silêncio. “Meu irmão voltou a sorrir e está se alimentando. Inclusive fez um cartaz. Disse: ‘Dani, já imaginou se passa alguém lá, interessado em entender o tema e leva um cartaz?’”, contou a bacharel.

Por Alenita Ramirez, Colaboração para O ODC