Que o mau controle do diabetes pode favorecer algumas complicações não é novidade. Mas você sabia que a doença é um dos principais fatores de risco para infarto, acidente vascular cerebral (AVC), entupimento de artérias e dilatação de vasos sanguíneos? E é justamente por isso que novembro azul marca o mês como de conscientização sobre a doença que atinge mais de 14 milhões de brasileiros. O Brasil, hoje, é o 4º país no mundo com maior número de pessoas com diabetes e quase sete milhões não sabem que têm a doença.
A falta de sinais
Algumas complicações podem não manifestar sintomas claros. No caso do infarto agudo, os sinais clássicos como a dor forte no peito, irradiando para o braço, podem não ser muito evidentes. Alguns pacientes com diabetes podem apresentar falta de ar, sensação de mal-estar, náuseas e vômitos, desmaio inexplicado e até mesmo uma descompensação sem explicação do controle da glicemia.
“Isso acontece devido a neuropatia autonômica, uma disfunção que afeta o sistema nervoso simpático e para-simpático, fazendo com que os pacientes com diabetes sintam menos dor e mascarando o quadro clínico do infarto”, explica.
Outra complicação que merece atenção é o AVC. Os sinais comuns incluem a perda ou diminuição súbita da força ou dormência em apenas um lado do corpo. O surgimento de fala arrastada, confusão mental com troca de palavras ou até mesmo desvio na boca também indicam a necessidade de buscar ajuda médica.
A insuficiência vascular periférica é uma complicação que merece atenção. Quando as artérias que nutrem os membros inferiores são obstruídas, os pacientes com diabetes podem apresentar casos de gangrena e em alguns casos, é necessário que seja feita a amputação dos membros inferiores.
Ainda segundo Dr. Marcello Bertoluci, as complicações vasculares geralmente afetam mais os homens do que as mulheres, entretanto, quando se trata de diabetes essas diferenças desaparecem: “Homens e mulheres têm incidências semelhantes de infarto agudo do miocárdio e AVC, mas representam o dobro quando comparados a pessoas sem diabetes. É importante ressaltar que, quando acontece em mulheres, tende a ser mais grave, com maior número de mortalidade”, afirma.
Manter atenção ao coração não deve ser um desafio
A prevenção de doenças cardiovasculares em pacientes com diabetes envolve uma rotina de alimentação saudável associada a prática de atividades físicas e controle dos fatores de risco, como hipertensão, glicemia, tabagismo, obesidade e colesterol, mas acima de tudo, é essencial consultar um cardiologista e realizar exames periódicos que podem indicar a necessidade de utilizar medicações preventivas.
Novembro Azul
A SBD realiza várias ações em todo o país pelo Novembro Diabetes Azul e algumas se destacam, como a Iluminação do Cristo Redentor: no Dia Mundial do Diabetes, 14 de novembro, o Cristo Redentor, monumento considerado uma das sete maravilhas do mundo moderno, será o catalizador da SBD para a atenção e ampliação da conscientização sobre Diabetes. A partir das 19h, será iluminado de azul, definida pelas Nações Unidas como a cor do movimento mundial para alertar sobre a importância da prevenção e do tratamento adequado da doença.
“A ação faz parte do Novembro Diabetes Azul, reinserido em 2018 pela seção de Advocacy da Gestão da Sociedade Brasileira de Diabetes 2018-2019 no calendário oficial do Ministério da Saúde e que representou uma grande vitória dos profissionais de saúde e associações de pessoas com Diabetes, mas requer, ainda, um grande esforço para que a visibilidade seja oficial por parte dos gestores da saúde no nosso país – a prevenção é a estratégia para reduzir os casos da doença”, explica a atual Presidente da SBD, Dra. Hermelinda Pedrosa.
“Se todos os fatores descritos forem bem controlados, o paciente com diabetes terá uma vida normal, com risco de doenças do coração quase que semelhante ao de uma pessoa sem diabetes. Dessa forma, a abordagem integrada e multidisciplinar, do pacientes é essencial para que consigamos reduzir as doenças cardiovasculares nessa população.”, afirma o Dr. Rodrigo Moreira, presidente da SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
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