A premissa de um sistema de transportes que tem um BRT como chamariz é criação de linhas alimentadoras para que os usuários possam pegar o ônibus rápido para chegar até o centro. Isso é a teoria, que deveria ser conhecida pelos gestores de transporte. Mas parece que na Emdec não é assim.
A 132 e 136 foram extintas durante a pandemia, mas retomadas após “pressão” de um vereador que argumentou que “muita gente” pegava a linha. A propósito, vereador é do mesmo partido dos dois que comandam a área de transportes de Campinas.
Agora, as linhas vão fazer novos atendimentos aos bairros que estão surgindo graças à especulação mobiliária da região do Vida Nova. E os intervalos, que já estavam absurdamente longos, vão ficar ainda maiores. A linha 128, que vai atender ao Residencial Terras do Friburgo, vai demorar 40 minutos. Intervalo de 40 minutos em uma linha alimentadora!
No caso da 132, vai demorar 1h20 para que o ônibus passe. Ao todo, o itinerário completo vai durar 2h40. Chega a dar vontade de dar risada… mas de raiva.
Tudo isso para atender quem? Porque, segundo a própria Emdec, a quantidade de passageiros é pífia: 1,1 mil na 132 e 650 na 128, só no mês de abril.
A 136, que carregou 990 passageiros no mês passado, vai ter uma alteração por causa do semáforo novo no cruzamento com a ligação com o Florence (que tem vários nomes, nem a própria Emdec sabe qual é o correto).
Tudo isso é fruto de uma barbeiragem política eleitoreira de Chico Amaral, que construiu o Terminal Vida Nova no local errado. Mas também é fruto de uma falta de ação mais enérgica das gestões posteriores em desativar o espaço antigo.
Quer um exemplo? O local onde está a Estação Marajó poderia ser um ótimo terminal, com mais estrutura, e recebendo as linhas alimentadoras de todos esses bairros que estão surgindo, que teriam intervalos baixos, e saindo linhas de BRT para o Terminal Central. E aí não seriam necessárias linhas tão absurdas de longas. Mas, para quê pensar em coisas tão complicadas, não é mesmo?