A justificativa da Emdec de extinguir quatro linhas que foram extintas na pandemia de covid-19 por “baixa demanda” não é válida. A revelação feita pelo ODC de que 307, 308, 374 e 378 não devem voltar, conforme a própria “gestora” do sistema de transporte de Campinas afirmou tem um argumento frágil, bem como o contrato que rege atualmente o transporte da cidade.
Para fazer a comparação, o ODC buscou os dados da bilhetagem dos meses de agosto entre o período de 2018 a 2024. O mês foi escolhido por ser um sem feriados, apesar do período de volta às aulas ter acontecido em dias diferentes.
Linha | Agosto de 2018 | Agosto de 2019 | Média |
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307 – Interbairros I | 12.830 | 9.806 | 11.138 |
308 – Interbairros II | 14.331 | 10.962 | 12.646 |
374 – Jockey Clube | 7.069 | 6.155 | 6.612 |
378 – Shop. Iguatemi / Carrefour Valinhos | 14.081 | 11.797 | 12.939 |
Com base nas médias obtidas pelos dois anos, pegamos os dados de setembro de 2024 e apontamos agora quais linhas carregaram números próximos aos dos itinerários que foram suprimidos.
A “margem” é de 2 mil passageiros para cima, e leva em conta o tipo “diametral”, que faz a ligação de um bairro a outro. Então, não são consideradas as linhas de BRT, alimentadoras dos terminais, e as linhas 256, 257 e 389, que funcionam apenas em horário de pico
Linha | Quantidade de passageiros |
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118 – Terminal Ouro Verde / Cambuí | 13.340 |
142 – Jd. Santa Terezinha / Terminal Central (linha foi extinta em dezembro de 2024 e substituída por alimentadora) | 13.579 |
220 – Terminal Campo Grande / Cambuí | 11.058 |
242 – Jd. Miranda via Jd. Aurélia / Terminal Mercado I | 5.549 |
311 – Jd. Santa Mônica / Terminal Mercado I | 14.246 |
328 – Terminal Barão Geraldo / Estação Cidade Judiciária via CPqD e Guará | 13.673 |
344 – Estação Parque Prado / Circular Centro via Jardim Amazonas (que supre, em parte, itinerário da 378) | 11.056 |
352 – Bananal / Terminal Mercado I (que supre parte do itinerário da 374) | 5.955 |
355 – Vila Gênesis / Terminal Mercado I | 13.584 |
361 – Chapadão / Circular Centro | 8.239 |
368 – Jardim Itatiaia / R. Dr. Ricardo | 12.780 |
382 – Cambuí / Campinas Shopping | 13.342 |
395 – Notre Dame / Estação Expedicionários (que supre, em parte, itinerário da 378) | 6.770 |
401 – Pq. São Martinho / Terminal Central | 4.159 |
402 – Pq. da Figueira / Terminal Central | 9.706 |
411 – Pq. Oziel via Jardim do Lago II / Terminal Central | 12.513 |
433 – Residencial Morada das Bandeiras / Terminal Central | 12.058 |
502 – Terminal Metropolitano / Contra-Rótula | 5.743 |
Como é observado, várias linhas carregam menos passageiros e estão até hoje ativas. O que o ODC quer mostrar com isso é que “pau que bate em Chico não bate em Francisco” na Emdec.
Se a Emdec quer argumentar que as linhas tinham baixa demanda, tudo bem. Mas que adotassem o mesmo padrão para outras linhas. Inclusive, damos até algumas sugestões para os “técnicos” da Empresa:
- Extinção da 242 ou transformar o atendimento entre Avenida Lix da Cunha (Estação Balão do Tavares da EMTU) até Estação BRT Jardim Miranda em alimentadora.
- Extinção da 220, que não tem qualquer sentido de permanecer existindo, uma vez que já existe o BRT Campo Grande.
- Extinção da 118, e um reforço na 502, que faz itinerário praticamente semelhante. O intervalo da 502 faz qualquer passageiro desistir de esperar, e só pegar se tiver a sorte de o ônibus estar passando na hora. Sem contar que faz o mesmo caminho da 118 e 220 no Cambuí.
- Linha 311 deveria ser alimentadora da Estação Amarais. A linha 318 faz o atendimento à Estação BRT Rodoviária e poderia suprir o trecho.
- Linha 328 deveria voltar a ser alimentadora do Terminal Barão Geraldo, mantendo atendimento ao CPqD.
- Linha 344 tem intervalo absurdamente longo e não estimula ninguém a usar a linha. O atendimento ao Jardim Amazonas poderia ser suprimido.
- Linhas 352 e 355 deveriam ser alimentadoras da Estação Cidade Judiciária, e uma linha criada para fazer a conexão da Cidade Judiciária via Miguel Noel Nascentes Burnier.
- Linha 361 só foi criada porque a 360 é longa e sempre atrasa. Todo esse atendimento deveria ser revisto para otimização dos itinerários e horários. Com possível fim da 311, a 361 assume o atendimento do Balão da Escola de Cadetes até o Centro via Avenida Andrade Neves.
- Extinção da 368, para que os carros possam ser aproveitados em outras linhas da cooperativa. Parte do itinerário no Proença (especialmente na Avenida Antônio Carlos Salles Junior) é atendido pela 366. Itinerário no bairro poderia ser parcialmente absorvido pela 367.
- Revisão da linha 382. O atendimento ao São Bernardo poderia ser alimentadora das estações do BRT no entorno, ou até o Terminal Central, parando no Campinas Shopping.
- Linha 395 deveria ser revista. O itinerário é extremamente longo, dando muitas voltas nos bairros, e passando mais de uma vez no mesmo lugar.
- Revisão total das linhas 401 e 402. A linha 401 foi criada a pedido de vereador para atender a um centro de logística no Anel Viário Magalhães Teixeira. A atitude foi até interessante, se não fosse o fato de que o centro de logística contratou fretamento. Logo, a linha perdeu completamente o sentido, e só serviu para seccionar ainda mais a 402, que já é longa — o itinerário na região do Jardim Leonor é desinteressante, só dá voltas, e desestimula o usuário a pegar a linha. Uma sugestão seria o caminho pela Av. Baden Powell, Estados Unidos, Ângelo Simões, Marechal Carmona, Rua Amilar Alves e General Carneiro.
- Revisão e possível extinção da linha 411, que tem itinerário extenso e intervalos muito grandes. Toda a região já é atendida por outras linhas.
- Revisão da linha 433. Ela poderia absorver alguma parte de itinerário que a 411 não atendesse mais. A linha foi criada para uma situação de emergência, quando a ponte da Rua Ferdinando Turquette caiu, e acabou ficando porque a região está se desenvolvendo. Ela poderia começar “do outro lado” da ponte, no Jardim do Lago Continuação, e absorver o carro da 411, para melhorar o intervalo.