A primeira fase da reconfiguração viária do Taquaral e Jardim Bela Vista, implementada nesta terça-feira, 21 de outubro, transformou a Rua Leonardo Da Vinci em sentido único, consolidando-a como um novo e vital eixo de ligação entre a Avenida Júlio Prestes e o Centro. A mudança, que já impactou o itinerário de nove linhas de ônibus e tem o objetivo de criar um binário com a Nossa Senhora de Fátima, nasce com um problema crônico de gestão: a inércia da Setec (Secretaria de Serviços Técnicos Gerais).
A incoerência do projeto
A decisão de manter a feira no local é um duro golpe contra a racionalidade do projeto de mobilidade urbana. A Emdec justificou o investimento na mudança de sentido da via e de nove linhas (230, 339, 345, 348, 352, 353, 356, 357 e 375) com a promessa de “otimizar o transporte público e aumentar a segurança e fluidez do trânsito”. No entanto, aos sábados, essa otimização será completamente anulada.
Se o objetivo é transformar a Leonardo Da Vinci em uma artéria de trânsito crucial – a ponto de desviar grandes linhas de transporte para lá –, fechar essa mesma via para uma feira livre uma vez por semana é, no mínimo, uma contradição. A situação evidencia uma falta de comunicação e coordenação entre os órgãos da Prefeitura.
Ônibus no “itinerário diferenciado”
A Setec deu a entender que o problema será resolvido com um “itinerário diferenciado” para o transporte coletivo durante o período da feira. Segundo a Emdec, oito das nove linhas que agora usam a Leonardo Da Vinci terão que adotar rotas alternativas aos sábados de manhã, circulando pelas ruas Padre João Francisco de Azevedo e Tomaz Alva Edson, para só então retomar a Leonardo Da Vinci.
O termo “itinerário diferenciado”, na prática, significa desvio, lentidão e transtorno para centenas de passageiros que se acostumaram com o novo eixo de circulação. A decisão joga a responsabilidade e o custo da gestão do espaço público para os usuários do transporte, em vez de buscar um local mais adequado para a feira que não comprometa a infraestrutura viária recém-implantada.
Ao insistir em manter a feira em uma via que agora faz parte de um binário essencial, a Setec demonstra que a política de mobilidade do Taquaral terá um dia de folga por semana, ignorando que um sistema viário eficiente precisa operar sete dias.





