No sábado passado (30), por volta das 16h, Campinas conhecia uma das mais tristes histórias envolvendo crianças nos últimos anos.
Mas nem os profissionais imaginavam o que encontrariam no Jardim Itatiaia.
Ao menos cinco viaturas da Polícia Militar foram até a Rua Recôncavo para entender o que estava acontecendo.
Uma denúncia de vizinhos apontava para uma casa onde vivia uma criança em situação de abandono e maus-tratos.
Os policiais chegaram até um pequeno cubículo de tijolos, onde dentro havia o menino, magro, amarrado a um barril de metal, fechado por uma telha que retém muito calor e uma pia de mármore, para impedir que saísse.
Começou aí uma história que tem desdobramentos até hoje.
Assim que foi retirado do barril, o garoto pediu um copo d’água aos policiais, e um pouco de comida.
Levado pelo Samu ao Hospital Ouro Verde, o garoto ficou internado para ganhar peso e se recuperar de uma desnutrição grave.
O menino apresenta “boa recuperação” dada à circunstância, e agora está em um abrigo aguardando a definição do futuro.
A investigação
A Polícia Civil já ouviu vizinhos para tentar descobrir há quanto tempo o menino vivia sob maus-tratos.
Dentro do barril, ele ficou pelo menos um mês.
Para funcionários do Ouro Verde, inclusive, ele chegou a dizer que viu o Revéillon pelo buraco na parede.
O Ministério Público e a Prefeitura fazem investigações paralelas para apontar as falhas do Conselho Tutelar e outros órgãos que deveriam cuidar da família
As fake news
O pai do menino foi espancado na cadeia?
Mentira. O vídeo que circula na internet mostrando um preso sendo espancado não tem nada a ver com o caso, nem é brasileiro.
O pai do menino matou a mãe biológica
Mentira também. Ainda que não se saiba o paradeiro da mãe do menino, ela não foi morta pelo pai. Ela era usuária de drogas e sumiu após entregar o bebê.
As dúvidas que ficaram
Qual o nome do menino?
O garoto tem nome e sobrenome, mas não podemos divulgá-lo. O Estatuto da Criança e do Adolescente nos impede disso, e qualquer pessoa que o fizer pode ser processada. Por isso, não perguntem mais o nome da criança, nem coloquem nos comentários.
Ele recebeu tratamento adequado no hospital?
Sim. Todos os processos realizados nos dois hospitais foram corretos e garantiram a boa recuperação dele.
Posso ver ele no abrigo?
Não. Isso é vedado e apenas pais que fazem parte do processo de adoção podem ter esse acesso – depois de muito tempo, inclusive.
Onde está a mãe biológica do menino?
Nenhuma informação a respeito. O nome dela não aparece em nenhum boletim de ocorrência, nenhum processo judicial, nenhuma rede social, nem nada.
O garoto vai ficar com a tia?
Isso quem vai definir é o juiz da Vara da Infância e Juventude. A tia já até demonstrou interesse, mas o caso vai passar por avaliação para determinar o que deve acontecer com ele.
O Conselho Tutelar vai ser punido?
Isso cabe ao Ministério Público, que faz uma investigação paralela para apurar a omissão no caso.