Este conteúdo foi publicado originalmente em 2016 e atualizado em 2022
Há exatos 30 anos, Campinas parava para acompanhar uma das maiores tragédias de toda a sua história.
Tradicional em Campinas, o Eldorado ficava localizado no terreno onde hoje está uma unidade do Supermercado Extra, na avenida Senador Saraiva.
Por volta das 2h do dia 24 de dezembro de 1986, um curto-circuito teve início no terceiro andar do prédio, começando o incêndio.
Um pedestre que viu os focos dentro do mercado acionou o Corpo de Bombeiros e logo os primeiros caminhões começavam a chegar.
A primeira unidade a chegar foi a do Centro, localizada na rua José Paulino.
A cidade amanhecia já com os plantões da TV Campinas (atual EPTV Campinas) informando sobre a tragédia diretamente do local.
As chamas se alastraram tão rapidamente que a forte e densa coluna de fumaça era vista praticamente de qualquer parte da cidade.
Ainda pela manhã começou a chover e o forte vento que passava pela cidade ajudou a alastrar ainda mais as chamas.
O raio de interdição das vias foi enorme já que eram necessários vários corredores livres para o trânsito dos caminhões dos bombeiros que estavam chegando de todos os postos da cidade e também de localidades vizinhas.
Milhares de curiosos, atônitos com o incidente, passavam a se aglomerar nas imediações do prédio.
O Eldorado foi uma referência para a cidade pois vendia praticamente de tudo: desde bens alimentícios até gás de cozinha e móveis. Esporadicamente o estabelecimento proporcionava shows musicais.
O prédio também chamava a atenção por ser um dos únicos da cidade dotado de escadas rolantes e de portas com sensores automáticos.
Em um determinado momento, a situação ficou fora de controle.
Com o prédio todo tomado pelo fogo, os extintores e os hidrantes do prédio todos trancados com cadeados prejudicavam a situação e para piorar, os hidrantes das ruas secaram.
Veja mais fotos do dia do incêndio
A partir daí o Corpo de Bombeiros começou a pedir, via imprensa, que caminhões-pipa levassem água para o local, já que as unidades que estavam nas imediações já estavam às secas.
Com os ventos cada vez mais fortes, o fogo estava cada vez mais fora de controle.
Já à tarde uma parte da fachada desabou, soterrando um bombeiro.
Logo depois foi a vez de uma parede localizada na torre do estacionamento subterrâneo vir abaixo, matando um auxiliar de cinegrafia da TV Campinas.
A essa altura, o prédio já estava todo condenado.
O fogo foi controlado apenas no início da noite. O forte cheiro de carne queimada tomou o Centro da cidade por vários dias.
As histórias
Há muitas histórias por trás desse incêndio.
Uma delas é de que o prédio já estava condenado por um laudo recente do Corpo de Bombeiros, que pedia intervenções urgentes a fim de evitar possíveis desabamentos.
Outra história diz que o grupo J. Veríssimo, dono do mercado, provocou o incêndio propositalmente para resgatar o dinheiro do seguro e construir uma nova unidade.
De fato o grupo inaugurou uma nova unidade, luxuosa e referência para a cidade, três anos depois, próximo ao Shopping Iguatemi.
Hoje a unidade é controlada pelo grupo francês Carrefour.
O incêndio do Eldorado está vivo na mente de todos os campineiros que vivenciaram esse grande incidente na época, ainda mais pela proximidade de uma data festiva tão importante quanto o Natal.
Cobertura jornalística
A cobertura da imprensa foi a nível nacional.
A TV Globo enviou para Campinas equipes de São Paulo para cobrir o incêndio, que foi destaque no Jornal Nacional.
Com um dia fraco de notícias, a tragédia foi destaque nacional.