Há umas duas semanas o ODC tem recebido mensagens de leitores que estão questionando porque os aparelhos de ar-condicionado foram desligados dos carros da VB 3, Itajaí e os poucos que tem na VB 1. Será economia de combustível? Será falta de manutenção? O ODC perguntou para as empresas e descobriu.
Depois dos carros que rodam nas linhas dos Amarais, Alphaville e Corredor Abolição, começaram a aparece alguns outros veículos. Muitos usados do Rio de Janeiro, cidade que obrigava a instalação e correta manutenção do ar-condicionado, chegaram a Campinas. Alguns tiveram o aparelho desligado. Outros tiveram a estrutura toda arrancada, e fica apenas um ‘topete’ de enfeite no meio do veículo — isso acontece principalmente nas cooperativas.
Muitos dos ex-Rio da VB 3 estavam com ar-condicionado funcionando até poucos dias. Não por acaso, eram os veículos em que o equipamento funcionava de uma maneira absurda (e isso é um elogio).
Ao menos 9 veículos foram repassados para a VB 1, e começaram a rodar na antiga 130, quando ela começou a configuração atual de semiexpressa entre o Terminal Vida Nova e o Centro (primeiro indo para a José Paulino e voltando pelo Perimetral, depois passando no Terminal Central e fazendo o mesmo caminho, até chegar à configuração atual, fazendo apenas o Corredor Central). Eles também estavam com o ar-funcionando.
A pandemia de covid-19 obrigou o desligamento total dos aparelhos, por motivos absolutamente óbvios. Por mais que se garantisse uma segurança com o ar ligado, e que higienizações eram feitas, e etc, a decisão foi por justamente manter as janelas abertas. Assim ficou mais de dois anos.
Na retomada, o ar-condicionado foi o último que voltou a ser ligado no ônibus. E, ainda bem, em um período propício: um verão fora de época no meio-final do ano passado, até a chegada da estação mais quente, que durou até meados de abril.
Mas, nas duas últimas semanas do mês que passou, notamos que os aparelhos foram novamente desligados. Algumas janelas ainda permanecem travadas, mas a maioria é possível abrir.
Vimos a situação em várias linhas da VB 3, e em todos os carros da VB 1 que tinham o ar. Nos carros da Itajaí Transportes, os que operam na linha BRT20 estavam com o equipamento ligado. Mas, vimos vários outros circulando com as janelas abertas.
Os únicos que não podem desligar o ar, por motivos óbvios, são os carros cinzas da Expresso Campibus. As janelas não tem abertura. Então é o ar ou não é nada. E, sinceramente, seria a melhor solução.
O ODC procurou o SetCamp, que reúne as empresas concessionárias do transporte coletivo. Cada representante das garagens foi questionado sobre o ar-condicionado. E a resposta oficial é: não existe nenhum pedido formal para desligar o aparelho, mas isso acontece especialmente quando os dias já amanhecem mais frios e tem tendência de ficar com temperaturas amenas.
É uma forma de economizar combustível? Indiretamente, sim, mas não é o objetivo principal. A questão é o próprio fator temperatura. Campinas chegou a ter dias de 29ºC, mas outros com apenas 24ºC de máxima. Aí realmente fica difícil controlar o equipamento durante uma operação que já é cheia de problemas por si só — lembrando que é o motorista quem tem o comando do ar-condicionado, se o controlador não estiver lacrado (quando chegaram era assim).
O que o SetCamp explicou, objetivamente, é o seguinte: não há regra para ligar ou desligar. Cada garagem avalia a situação e decide se libera o carro com o equipamento funcionando ou não. Só não dá para fazer a troca “durante” um itinerário, por causa do equipamento que lacra as janelas.
Usa-se do bom senso, em teoria, para manter o aparelho ligado ou não, dependendo de como está o clima. Então, nos próximos meses, a chance de vê-los desligados é maior. O que deve se inverter quando a primavera e o verão chegarem.