Se a sabedoria popular e a experiência recomendam confiar nos instintos na hora de tomar certas decisões, a ciência pede cautela para quem sofre de ansiedade. Segundo o médico psiquiatra Cyro Masci, antes mesmo de tomar consciência de algum fato, o corpo sofre alterações, e são essas mudanças que podem gerar o que é chamado de instinto. “Uma contração muscular quase imperceptível, por exemplo, pode ser o suficiente para o cérebro tomar essa ou aquela decisão. O problema é que, em pessoas ansiosas, essas reações corporais estão alteradas”, explica o médico.
Tomada de consciência
Para contrabalançar essa tendência, o especialista sugere checar periodicamente o estado do corpo. “De tempos em tempos, é interessante verificar se existe tensão nos ombros, nas pernas, nos braços. E se a respiração está superficial”, afirma Masci.
Não se trata, diz ele, de controlar o corpo, mas sim de sair do automatismo mental que as pessoas utilizam a maior parte do tempo. “Focando nas tensões do corpo e na respiração, abre-se uma janela de oportunidade para atuar de modo ponderado, decidir melhor e, quem sabe, aprender mais a respeito das próprias reações com os acontecimentos e pessoas”, destaca o psiquiatra.
Para Cyro Masci, se essa tomada de consciência do corpo e do estado mental informar que existe uma tensão crônica e uma antecipação de dificuldades desproporcionais à importância, ou que persista muito tempo, esse pode ser um indicativo de ansiedade generalizada. “Neste caso, é preciso procurar ajuda, buscar tratamento especializado para modular a capacidade do cérebro de ponderar riscos e agir de modo mais harmônico e proporcional às ameaças”, finaliza Cyro Masci.
Fonte: Cyro Masci, médico psiquiatra em São Paulo, atua em clínica privada com abordagem integrativa.