O BRT de Campinas ainda está longe de ser um novo sistema de transporte coletivo. Improvisado, o novo sistema parece mais uma linha de ônibus comum com o diferencial de ser com portas altas do lado esquerdo.
Quando um coletivo chega a um terminal e faz o embarque, logo e sai para que outro chegue atrás e faça também o devido embarque dos passageiros remanescentes, mas em Campinas não é isso o que acontece.
Os motoristas ficam um longo tempo parado nas plataformas aguardando dar o horário de saída que está numa tabela previamente criada pela Emdec. Se o coletivo de trás estiver atrasado por causa do percurso, ele acaba saindo junto com o da frente para “acertar o horário”. Isso está completamente errado.
Dessa forma, o BRT está operando como uma linha de ônibus comum, e a população está totalmente coberta de razão em reclamar. O correto é o acerto ser feito por frequência, sem horário fixo, até porque como devem ter vários ônibus circulando, uma tabela horária não tem nem motivo para existir.
Quando os passageiros chegam das linhas alimentadoras, ou seja, as linhas dos bairros, eles já se dirigem para a plataforma do BRT, onde farão os embarques para os trajetos semiexpressos ou paradores, dependendo de onde irão desembarcar. Pelo correto, um coletivo já deve estar parado na plataforma, aguardando os passageiros e a ordem de saída deve ser dada pelo CCO ou pelo fiscal na plataforma.
Assim que esse coletivo sair, um outro já deve encostar. Com isso, mesmo que haja algum tempo para a saída efetiva do local, o passageiro terá a impressão de que a frequência é ótima e que compensa usar esse modal. Se o passageiro tem que ficar esperando na fila, não há vantagem alguma em relação às linhas antigas.
Quando o primeiro coletivo estiver em um determinado ponto, o CCO ou o fiscal de plataforma deve autorizar a saída do carro seguinte, e assim um terceiro já deve encostar na plataforma do terminal, transformando toda a operação em um carrossel perfeito, assim como acontece no Metrô de São Paulo.
Imaginem se o Metrô tivesse tabela horária de passagem. Você está em uma estação, e para um trem que fica aguardando uma tabela horária. Logo atrás viria um trem atrasado, que passaria junto, e depois ficaria um enorme tempo sem vir nada. Por isso o controle metroviário é feito pelo Centro de Controle, que determina se o trem deve seguir ou aguardar em alguma plataforma.
Além de todos esses problemas, que acabam causando enormes comboios sobretudo no Centro (em pleno dia-ponte de feriado, houve comboios nas linhas BRT20 e BRT25, inclusive com quebras), a frota totalmente despadronizada não colabora.
Há dias a Emdec informou que a linha BRT20 ia ser padronizada com veículos articulados ao menos durante a semana, mas isso ainda não está acontecendo. Durante várias horas do dia é possível ver veículos menores na linha. E aos finais de semana, os veículos do BRT rodam fora do corredor, em linhas como 213, 211 e 210.
Um grande erro da Emdec foi começar esse BRT de forma improvisada, com ônibus ainda antigos, sem ar condicionado e para piorar: com a mesma pintura do sistema velho. Não houve nem o cuidado de elaborar algo mais atrativo, que pudesse transmitir que alguma coisa nova estava para acontecer no transporte campineiro. Simplesmente mudar as cores para verde-limão e laranja mas na mesma pintura do falido InterCamp, é um erro de marketing incomensurável.
Por várias vezes o ODC já disse que a Emdec é muito ruim de marketing. O setor de comunicação da empresa trabalha muito mal, não sabe fazer as divulgações de forma lógica e efetiva, e ainda prejudica a população com muitas informações erradas e às vezes até atrasadas.
O BRT ainda está patinando, a Emdec continua errando e a população parece que deu uma estagnada: o processo de migração das linhas antigas para as novas deu uma “parada”, já que nada de mais novo acontece. E se isso tudo acontecer no Corredor do Ouro Verde, será mais um erro crasso que penalizará a população.
A Emdec deve deixar o amadorismo de lado e ser mais técnica, inclusiva e sobretudo informativa. Por enquanto, o BRT de Campinas é apenas algo ‘mambembe’.
Da Redação ODC.
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