A reação da prefeitura de Campinas à licitação do transporte coletivo de Campinas, que ontem teve o desfecho esperado e que praticamente todo mundo em sã consciência já sabia, foi no mínimo ridícula.
Seria muito mais fácil e correto que a prefeitura assumisse que errou gravemente ao permitir que a Emdec elaborasse um edital de licitação tão ruim. Só não foi pior que o edital publicado na gestão Carlos José Barreiro, cheio de erros amadores.
A Emdec acha que Campinas é Dubai e que pode exigir vultuosos investimentos em qualquer setor. Um contrato de R$ 8 bilhões para uma cidade do porte de Campinas é extremamente ridículo.
Além disso a Emdec encheu o edital de penduricalhos, como exigência de ônibus elétricos (coisa que nem capitais e nem cidades europeias estão fazendo), manutenção e limpeza de pontos e terminais (nem São Paulo e nem Curitiba fazem isso), além de outros investimentos.
A nota oficial da Prefeitura foi vergonhosa ao afirmar que “estranha” o processo ter ficado deserto, insinuando que houve um boicote das atuais operadoras. Se o edital fosse tão bom, empresas de fora da cidade teriam participado, e em grande número. Ninguém quis participar desse circo.
Outro ponto que chamou a atenção no edital é que o contrato é de 15 anos, porém apenas a partir do 12º ano as empresas passariam a ter lucros. Ou seja, teria que trabalhar 11 anos no prejuízo, ainda mais num mundo tão volátil como o de hoje. Quem abriria uma empresa para trabalhar 11 anos no prejuízo? Nem padaria faz isso.
O presidente da Emdec, Vinicius Riverete, continua vivendo em seu Fantástico Mundo de Bobby. Em entrevistas a veículos de imprensa, que também não entendem nada de transporte, disse que “vai ver” o que será feito e que “tentará implantar” as novas melhorias, como “o pagamento de passagem com cartão de crédito”. Nessas entrevistas, Riverete apostou no desconhecimento da imprensa sobre o transporte, ou foi mais uma vez amador.
Com tantos problemas no transporte, Riverete está preocupado com o pagamento em cartão de crédito? Qual o problema em uma pessoa trabalhar e ter pulso firme para mudar o que é preciso? Por quê ele não disse coisas como: mudança no sistema, implantação do BRT, renovação de frota, etc?
A reação de Riverete parecia de ressaca. Sua ausência na sessão mostra que não tem qualquer comprometimento com o transporte público, conforme já adiantado pelo ODC. Enquanto André Aranha lia a melancólica ata do fracasso da licitação, Riverete estava do outro lado da cidade fazendo sua politicagem.
A Emdec parece uma balbúrdia e um depósito de gente que não sabe nem o que faz. E do outro lado, um prefeito completamente omisso, ao lado de uma Câmara de Vereadores totalmente conivente com esse desmando. Enquanto isso, o comando da Emdec cada vez mais se confirma como amadora.
José Gaveta – Da Redação ODC.
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