Finalmente, depois de mais um atraso, o que é praxe da atual administração municipal, saiu o edital da licitação do transporte coletivo urbano de Campinas. O mesmo foi publicado na última sexta-feira, no portal da prefeitura.
O sistema é deficitário e deverá continuar pelo menos por muito tempo, se a Emdec não tomar as rédeas da situação e resolver fazer algo minimamente atrativo.
Através de um sistema de inteligência artificial, o ODC também fez a análise dos números da parte econômica do documento, e os resultados foram bastante desanimadores.
Com margens excessivamente baixas e arrecadação praticamente imprevisível, além de custos altíssimos, sobretudo no primeiro ano de contrato, a IA deu o processo como de “altíssimo risco”.
De acordo com as planilhas publicadas no edital pela prefeitura, o primeiro ano de contrato será de forte investimento das empresas operadoras dos dois lotes previstos.
Como a frota envelheceu e quase não houve renovação desde o final do governo Jonas, será necessária a compra de vários veículos quase que de imediato, gerando um enorme gasto.
A partir do segundo ano de contrato, as empresas terão investimento menores, dando uma pequenina margem de lucro, representando um grande problema financeiro.
Caso haja alguma imprevisibilidade, as empresas teriam que arcar com os gastos tendo uma margem de fluxo de caixa muito pequena, o que já pode gerar prejuízo.
O investimento do primeiro ano deverá ser totalmente recuperado apenas no 12º ano de contrato, o que é no mínimo absurdo. Quem vai querer investir mais de R$ 700 milhões para ter um retorno apenas em 12 anos? Nem o Tesouro Direto é tão ruim a ponto de exigir tal coisa.
Mesmo com o valor maior do contrato, conforme alguns veículos de imprensa divulgaram de forma vazia nos últimos dias, sem qualquer análise aprofundada, a taxa de retorno do investimento ainda é muito ruim.
No geral, o sistema está razoavelmente adequado, como a rede de linhas, que poderia ser melhor mas já tem uma mudança considerável (para melhor), a bilhetagem separada também foi incluída, mas a parte financeira precisa mudar.
O risco da licitação dar novamente vazia é muito grande, infelizmente.
Da Redação ODC.
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