O Cemitério da Saudade, o maior de Campinas, está recebendo novo piso com instalação sob responsabilidade da Setec, que administra o local. 80% da obra já foi concluída.
Os trabalhos são realizados com três tipos de piso, conforme explica o presidente da Setec, Enrique Lerena. “Na avenida principal do cemitério, temos o piso hidráulico, depois temos o piso de pedras portuguesas, e, por fim, o piso intertravado ecológico”, enumera.
O investimento total é de R$ 6,9 milhões. “O nivelamento e troca dos pisos, além de valorizar o espaço, traz segurança ao público em seu trajeto”, complementa Lerena.
Apesar de ainda não estar concluída, a reforma do piso do Cemitério da Saudade já recebe elogios de quem frequenta o local. “Ficou ótimo. Principalmente para caminhar por aqui ficou muito bom. Nota 10. Ainda falta um pouco, mas devagar a reforma vai saindo do papel. A reforma do piso dá um outro visual para o cemitério, então gostei muito”, disse a visitante Eliane de Paula, de 64 anos, que mora no Parque Industrial e costuma frequentar o cemitério para visitar seus entes queridos.
Em março de 2023, a Setec iniciou a revitalização completa dos muros para que, mesmo de fora, as pessoas pudessem contemplar a beleza das obras guardadas no local. Por ser um bem tombado do município desde 2003, a proposta passou por análise do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), que aprovou o projeto.
“As reformas implementadas nos últimos meses demonstram uma preocupação e cuidado da gestão na preservação do cemitério. Além disso, a substituição do antigo muro pelos gradis trouxe uma melhor visibilidade”, disse Cridinei Gabriel, supervisor de serviços do Cemitério da Saudade
Preservação da história
Com mais de 180 mil metros quadrados, o Cemitério da Saudade é também o espaço de exposição de obras artísticas, encomendadas por familiares para destacar os túmulos.
A imagem mais recorrente é a de anjos, mas também há representações de Cristo e de outras figuras e símbolos religiosos nas mais de 30 mil sepulturas do cemitério.
O supervisor de serviços do Cemitério explica que, apesar de não estarem catalogados, é possível identificar que na maioria das vezes os escultores são de origem italiana.
“São mais de 7 mil obras espalhadas pelo Cemitério da Saudade. As esculturas de mármore carrara geralmente eram escolhidas por familiares em catálogos europeus e feitas na Itália. Elas vinham de navio e eram descarregadas no Porto de Santos. Somente famílias muito poderosas faziam essa seleção”, explica Gabriel.
O mármore carrara era um material bastante tradicional entre o fim do século XIX e começo do XX. Utilizar o material era uma representação do status das famílias que muitas vezes encomendavam as peças da Europa. Essas obras tinham alto custo para a fabricação e a importação.
“A quebra da bolsa de 1929 foi um marco decisivo, pois ficou difícil a importação, e as obras ficaram muito caras, por isso foram se perdendo com o tempo. Devido ao alto custo, deixaram então de empregar o mármore carrara e começaram a utilizar latão e bronze”, contextualiza Gabriel.
As obras imprimem os mais diversos estilos artísticos, desde o gótico, bizantino, clássico, até neogóticos, art déco e barroco colonial.
O cemitério
Fundado em 1881, o Cemitério da Saudade surgiu da união de um terreno doado à Prefeitura de Campinas pelo Barão de Itatiba a outros quatro cemitérios privados, tornando-se o primeiro cemitério público do Brasil.
Por sua tamanha importância, são diversas as figuras históricas e personalidades que estão sepultadas no local, como o ex-Presidente da República Campos Sales e os políticos Bento Quirino e Francisco Glicério.
O Cemitério da Saudade fica na Praça Voluntários de 32, no bairro Swift. O espaço é aberto ao público e pode ser visitado de segunda a domingo, das 7h às 17h.
Da Redação ODC.
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