O transporte coletivo sempre foi um calcanhar de aquiles das administrações de Campinas. Com o crescimento desordenado da cidade, acaba ficando cada vez mais difícil atender ao máximo a população através do transporte público.
A região começou a crescer nos anos 70 do século passado. Vários loteamentos e ocupações começaram a surgir antes da construção dos condomínios mais conhecidos como DICs.
DIC, que é a sigla de Distrito Industrial de Campinas, acabou pegando como apelido dos vários prédios que foram construídos na região industrial da cidade no final da década de 70. A área ainda era pouco povoada mas já necessitava de transporte público.
Na mesma época já começaram a surgir outros bairros, como o Residencial Mauro Marcondes, o até então mais distante, tendo acesso unicamente pela antiga Estrada do Friburgo, que era uma continuação da Estrada do Ouro Verde, atual Avenida Doutor Ruy Rodriguez.
A região ainda carecia de infraestrutura, com poucas áreas asfaltadas ou quando havia a rua de forma adequada, era de pista simples, o que ainda representava perigo para todos os motoristas.
Essa região do Ouro Verde sempre foi muito conhecida pelo grande número de cerâmicas instaladas, todas elas entre a Avenida das Amoreiras e a Estrada do Santa Lúcia, primeiro trecho da Avenida Ruy Rodriguez.
Várias fábricas eram instaladas nesse quadrilátero, e algumas delas ainda sobrevivem até hoje, porém a maioria já foi demolida e virou empreendimento imobiliário. Outros ainda são terrenos baldios aguardando destinação.
A região recebeu vários empreendimentos imobiliários residenciais ao longo dos últimos anos e o transporte público não acompanhou essa evolução. O auge foi no início dos anos 90, mas o desmonte começou no final da mesma década.
Até meados dos anos 80 cada bairro tinha uma linha de ônibus própria, isso desde a região do Santa Lúcia até a do Mauro Marcondes, o ponto até então mais distante da região.
Para leste da Estrada do Ouro Verde a região crescia em direção à Rodovia Santos Dumont, porém esses bairros não tinham ligação com a rodovia, por isso todas as linhas iam exclusivamente pela Avenida das Amoreiras.
Já no final do mandato do então prefeito Jacó Bittar foi inaugurada a ponte que fica entre o Motel Euro e o Sesi, que foi a primeira ligação da região com a pista sentido Campinas da rodovia. Junto com ela foi inaugurada a linha 5.73, que ligava o DIC 6 ao Centro via Rodovia Santos Dumont. Essa linha hoje é a 1.20, que sai do Terminal Ouro Verde e vai até o Terminal Central pela rodovia.
Várias outras linhas diretas foram sendo colocadas ao longo do tempo, diminuindo a importância e a dependência do Terminal Ouro Verde. Tanto que a linha expressa e a linha semi-expressa do terminal, que tinham prefixos 5.71 e 5.72, respectivamente, acabaram sendo extintas ao longo do tempo, ficando apenas a Circular Rótula.
Com a chegada do BRT, isso mudou pois uma linha praticamente semi-expressa foi colocada em paralelo à então troncal do terminal, que era a 1.21. A linha BRT10 faz uma ligação mais rápida com o Corredor Central, apesar de todos os seus problemas.
Atualmente o contexto de deslocamento é completamente diferente da época da inauguração do Terminal Ouro Verde, quando todas as linhas diretas dos bairros foram cortadas e viraram circulares com intervalo menor.
Muitas das linhas que existem hoje no sistema circular alimentador já foram radiais diretas um dia. Com o crescimento da região, já seria necessário um terminal nas imediações do DIC IV ou mais próximo à Rodovia Santos Dumont.
Seria hora de pensar algo sério para melhorar os deslocamentos da população na região, que em sua maioria ainda depende do transporte público. Vereador ficar criando linha à revelia para tentar conseguir voto, não dá certo, e a história já provou isso.
Da Redação ODC.
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