Nesta época do ano, quem vai viajar por várias horas dentro de um avião geralmente se preocupa com as pernas e a circulação sanguínea – para evitar trombose. Mas o que muita gente desconhece é que esse ambiente é bastante nocivo para os olhos, podendo desencadear conjuntivite com certa facilidade. Na opinião do oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos (SP), qualquer passageiro com uma crise de conjuntivite durante um voo pode se transformar num pesadelo – tanto para ele mesmo, como para os demais.
O médico explica que, além do tipo viral, há outros tipos menos frequentes de conjuntivite que ainda assim incomodam bastante, como a bacteriana, a alérgica, a química e aquelas associadas a outras doenças, como as autoimunes. “O ambiente dentro de um avião pode estragar o começo e o fim das férias de qualquer um. Primeiramente, quase todo mundo vai bem apertado. Dificilmente, se uma pessoa tossir, por exemplo, quem está a seu lado não será afetado pelas gotículas espalhadas no ar. Além disso, tem a questão da pressurização e do ar-condicionado – que podem ressecar os olhos e causar irritações. Pessoas alérgicas costumam sofrer ainda mais nesses casos, podendo desenvolver conjuntivite alérgica como consequência do mal-estar geral”.
Entre os sintomas mais comuns da conjuntivite, Neves destaca: ardor ocular, sensação de areia nos olhos, coceira excessiva, maior sensibilidade à luz, febre, dor nas articulações e até mesmo dor de garganta e sintomas de gripe. Também pode haver inchaço na pálpebra e ainda lacrimejamento excessivo – resultando na formação anormal de remela e dificultando até mesmo abrir os olhos. “Quando o indivíduo contrai a doença ainda durante o voo, pode avisar a comissária e solicitar uma toalha limpa e água quente para fazer compressas e amenizar a dor. O ideal, também, seria encontrar uma poltrona mais afastada das pessoas, para evitar contato direto. Mas, como isso é difícil, é recomendável descansar os olhos, deixando-os fechados o máximo possível de tempo, lavar sempre muito bem as mãos e procurar não tocar diretamente o que for de uso comum. Assim que desembarcar, é recomendado usar o seguro-viagem e consultar um oftalmologista sem demora, a fim de iniciar o tratamento e aproveitar o restante da viagem”.
Mais do que lavar os olhos cuidadosamente, o médico ensina que lavar bem as mãos, várias vezes ao dia, é o que reduz as chances de contaminação – não só da conjuntivite, mas de outras doenças transmitidas por vírus. “O paciente deve evitar a todo custo coçar a região do olho afetado. Isso vai ajudar, inclusive, a evitar que o outro olho fique doente também. Outro cuidado importante é separar tudo de uso pessoal, como travesseiro, lençol, cobertor, toalha de rosto e de banho… E um alerta para quem usa lentes de contato: Esqueça! Usar lentes de contato enquanto o olho está inflamado ou infeccionado pode agravar muito mais o quadro. Portanto, quem usa lentes deve viajar com elas devidamente armazenadas no estojo e usar lágrimas artificiais e óculos de grau dentro do avião”.
Fonte: Dr. Renato Neves, médico oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos e autor do livro Seus Olhos (CLA Editora). www.eyecare.com.br
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