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Campinas tem a tarifa de ônibus mais cara e a gerenciadora mais omissa do Brasil

A tarifa do transporte coletivo urbano em Campinas chegou mais uma vez ao topo. O preço básico, de R$ 4,95, é o mais caro do país, superando inclusive todas as capitais e o Distrito Federal. Apesar disso, o serviço prestado está muito aquém do valor cobrado. Campinas não tem nem uma dezena de ônibus equipados com ar condicionado, a maior parte da frota está vencida, ou seja, com mais de dez anos de uso, e a prefeitura está completamente omissa, preocupada apenas com as obras de um sistema que nem se sabe se irá funcionar, no caso, o BRT.

A omissão da EMDEC nos assuntos relacionados ao transporte coletivo urbano, algo que seria de responsabilidade dela, começa no site, que sequer atualiza a tabela de horários. Foi feita a implantação de um aplicativo, o CittaMobi, apelidado de “busão na hora”, que não funciona de forma adequada e que é um verdadeiro atestado de descumprimento de horários. Se o sistema de transporte de Campinas fosse organizado e funcional, não seria necessário ter um aplicativo desse, já que seria cumprida a tabela horária. O aplicativo serve, em sua maior parte, para mostrar quando que o ônibus vai passar no ponto, pois como quase nunca os horários são cumpridos, sobretudo nos finais de semana, o usuário do sistema tem que olhar no aplicativo quando vai ter ônibus.

Recentemente a EMDEC acabou com a maior parte das multas que eram aplicadas por descumprimento das normas do transporte público. Se um ônibus quebrar em via pública, era necessário que o veículo fosse retirado em 30 minutos para que não fosse multado. Hoje, os fiscais são orientados a fazer vista grossa e não multar, ou seja, o veículo pode ficar jogado na rua o dia inteiro que ninguém vai multar a empresa.

Por outro lado, as empresas estão de mãos atadas por conta da omissão da EMDEC. Há três anos a prefeitura está enrolando com a licitação do transporte urbano, obrigado pela justiça após considerar que o processo realizado em 2005 pelo então prefeito Hélio e o seu secretário de transportes, Gerson Bittencourt, foi irregular por cercear a participação de outras empresas. Sem a licitação, as empresas não podem fazer investimentos. Que empresa vai investir em uma cidade se nem sabe se vai continuar operando nela? A prefeitura também inventou várias exigências sem pé e nem cabeça como por exemplo a tal da “área operacional branca”, apenas com veículos elétricos. Uma área operacional dessas exigiria um investimento pesadíssimo pois os veículos elétricos custam cerca de 50% mais que um convencional de motor dianteiro, além do retorno ser de longo prazo. Para uma empresa fazer um investimento desse vulto, ela precisa de um contrato pelo menos de 20 anos, já que o retorno desse investimento é de no mínimo 8 anos.

Em meio a tudo isso, quem perde? O usuário, como sempre, que tem que pagar uma tarifa caríssima por um serviço que deixa muito a desejar. As empresas, de um lado, ficam de mãos atadas aguardando o edital da licitação que nunca sai, e de outro a prefeitura, completamente omissa, gastando com propagandas caríssimas tentando conquistar um pouco de popularidade com informações nem sempre verdadeiras.

Da Redação ODC.


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