Após um jogo de empurra-empurra que demorou anos, o Shopping Parque das Bandeiras, no Jardim Ipaussurama, informou (exclusivo ao ODC) que será a responsável pela construção do trecho faltante do Corredor BRT Campo Grande, a partir da PUCC II até a ponte da Rodovia dos Bandeirantes. O questionamento foi feito depois de uma pergunta feita à secretaria de Infraestrutura.
O alargamento da JBD na região do Jardim Florence levantou ainda mais dúvidas. Essa obra foi feita pelo shopping como contrapartida pela implantação do estabelecimento comercial. Carlos José Barreiro, na época presidente da Emdec e secretário de Transportes, havia dito que a obra da ponte da Rodovia dos Bandeirantes era de responsabilidade do shopping, o que foi negado pelo próprio estabelecimento na época.
Desde então, ficou um jogo de empurra sobre quando a obra iria começar e quem seria “o pai da criança”. Ao Correio Popular, na época, Barreiro dizia que as obras de um pacote de cinco intervenções feitas pelo shopping começariam em “até 10 meses”. Já se passaram 76 meses.
Entre as intervenções, a construção da faixa exclusiva e da Estação BRT Jardim Ipaussurama, e uma via saindo do shopping e passando por baixo da John Boyd Dunlop, para acabar com o cruzamento que existe hoje ali perto da ponte da Bandeirantes. Tudo ficou por isso mesmo, inclusive a própria ponte da Bandeirantes, que é condição fundamental para que o corredor possa existir.
Nenhum resquício de obra passou por ali pelos últimos cinco anos. Jonas Donizette saiu, Dário entrou, Barreiro foi para Infraestrutura, o BRT foi levado junto à secretaria dele, e as desculpas sempre foram se acumulando.
Com o início das obras da segunda ponte da Rodovia dos Bandeirantes (que anda a passos lentos, como relatamos durante uma viagem na linha BRT20), o ODC questionou a secretaria de Infraestrutura se o “pacote” licitado anos depois incluiria o corredor no trecho. A resposta foi que o Shopping das Bandeiras era a responsável pelo trabalho. (Lembrando que, além da ponte da Bandeirantes, também está sendo construída a passagem sobre a John Boyd no cruzamento com a Transamazônica, no Jardim Garcia).
Perguntamos então ao shopping se a informação era mesmo verdade, com base em todo o histórico aqui relatado. A resposta é que foi assinado um Termo de Acordo e Compromisso (TAC, antigamente chamado de Termo de Ajustamento de Conduta) com a prefeitura de Campinas, para ‘reduzir os impactos das futuras expansões’ do shopping. O projeto está dividido em cinco fases, sendo que três estão concluídas.
“Assim, devido às obras do BRT, estamos em tratativas com a Prefeitura para adequar nosso projeto às necessidades e, uma vez concluídas, daremos continuidade conforme Termo assinado”, acrescentou o shopping, em uma nota oficial.
Na tentativa de esmiuçar as etapas, o ODC conseguiu apurar quatro delas. Elas não estão em ‘ordem de importância’ ou cronológica.
- Construção da Marginal no sentido Campo Grande (construída e entregue)
- Construção da ponte de retorno (construída e entregue)
- Corredor do BRT entre ‘o limite’ da PUCC 2 e a ponte da Bandeirantes (a ser feita)
- Estação BRT Ipaussurama (a ser feita)
- Entre as três primeiras, uma deve ser a série de adequações ambientais e construção da estação de tratamento que hoje fica ao lado de uma das entradas (isso conforme um primeiro TAC, assinado em 2009, quando o shopping se instalou em Campinas, ao qual o ODC teve acesso ao teor do documento; o trabalho foi feito)
O shopping, porém, não informou prazos para iniciar esse trabalho. Em 2016, Barreiro disse ao Correio que o projeto já estava adequado. Mas, é difícil confiar na palavra dele.
A reportagem acredita que essa obra faltante deve começar quando a ponte da Bandeirantes estiver em um estado mais avançado, quase próximo da conclusão, para que tudo ‘se encaixe’ de uma só vez (e não como foi na ponte sobre o Rio Capivari, no Ouro Verde).