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Mudança na BRT20 pode ter melhorado para passageiro, mas piorou para motoristas

A mudança implantada nesta sexta-feira (28/04) pela Emdec, aumentando a quantidade de paradas da linha BRT20 para um total de 16, a frota para oito veículos e reduzindo o intervalo entre viagens para 10 minutos, pode ter ficado muito boa para o usuário, mas ficou péssima para motoristas, que tem que fazer milagres para conseguir cumprir o tempo de 40 minutos previsto das viagens.

O tempo que um ônibus demora para sair do ponto inicial, ir até o ponto final e voltar para o ponto inicial é chamado de tempo de ciclo.

Quando a linha foi inaugurada, os motoristas precisavam percorrer o percurso total (Campo Grande-Mercado-Campo Grande) em até 90 minutos. Foi um tempo que se mostrou mais que suficiente nos primeiros dias de operação, quando eram apenas poucas estações onde havia parada (eram apenas 5). Os motoristas chegavam com uma folga muito grande nos terminais. Ainda nas primeiras semanas, houve um ajuste para entre 80 e 85 minutos. Até porque tudo era um grande teste para saber quanto tempo de fato a linha conseguiria atender os dois trechos.

A partir do momento em que o número de paradas subiu para 10 (até dia 27/04), o tempo de ciclo foi fixado em 80 minutos. Ou seja, 40 minutos para ir e 40 para voltar. O tempo se mostrava suficiente para que os motoristas tivessem até cinco minutos de “descanso” por sentido (especialmente no Terminal Campo Grande, para ir ao banheiro ou pegar uma água). A viagem era possível de ser feita sem grandes problemas, como o ODC comprovou.

Mas, com a mudança desta sexta-feira, o atendimento aos 16 pontos de parada (e a parada é obrigatória, mesmo que não suba ou desça ninguém), o que se viu nas ruas, especialmente no pico da tarde, foi um “aperto” imenso para conseguir cumprir os 40 minutos por sentido. Os veículos mal chegam nos terminais e já tem que sair novamente.

Era para ser um pouco óbvio que, quanto mais estações atendidas, mais tempo se leva para chegar ao destino, esse tempo precisasse ser alterado e ampliado. Ainda mais quando se fala de uma John Boyd Dunlop que passa por obras na altura da Transamazônica, que não tem o corredor exclusivo na altura do Shopping das Bandeiras, e a segunda ponte da Bandeirantes ainda está a passos lentos.

Mas, a lógica falhou, como costuma acontecer com alguma frequência.

É inegável que o aumento de frota e a redução dos intervalos deveria acontecer. Mas, isso tinha que ser planejado. A sorte é que há um feriado pela frente, e isso pode ser arrumado até o dia 2 de maio. Aliás, deve ser arrumado. Afinal, não são robôs que guiam os ônibus.

Sobre o ODC

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