Prefeitura diz em propaganda que metrô seria 70 vezes mais caro que BRT, o que não é verdade

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A Prefeitura de Campinas lançou recentemente uma campanha publicitária para promover sua maior obra, os corredores BRT, e tentar abafar a má imagem que os transtornos estão causando, mas alguns dados passados na propaganda são mentirosos.

Um dos dados que foi passado é que um sistema de metrô custaria 70 vezes mais caro que a obra do BRT, o que não é verdade.

O que a prefeitura poderia ter dito é que essa obra que está sendo feita poderia ser mais barata, levando em consideração a qualidade de parte dos materiais usados e a desistência da desapropriação de boa parte do trajeto.

Em uma obra dessa magnitude, o mais caro de tudo é justamente a desapropriação. Remover pessoas de uma determinada área é muito caro, pois há a necessidade de acordos judiciais, pagamento de indenizações (que não são pequenas) e várias outras questões que acaba encarecendo muito a obra.

Considerando que Campinas já teve um transporte sobre trilhos, é impossível que se a obra no lugar dos corredores BRT fosse de um metrô, custaria 70 vezes mais.

Apenas para se ter uma ideia, o que foi construído do Metrô de Superfície de Campinas, mais conhecido como Sistema VLT, sobre o leito da antiga ferrovia Sorocabana, custou 140 milhões de dólares.

Em valores atualizados, o valor da obra chegaria hoje a cerca de 840 milhões de reais, quase o dobro do que toda a obra do BRT está custando.

A prefeitura fez uma conta extremamente simplista, multiplicando o valor da obra do VLT pelo número de quilômetros dos corredores.

Na propaganda, 70 vezes mais que o valor da obra total do BRT é dizer que um metrô custaria a bagatela de quase 31 bilhões de reais, algo que está anos-luz da realidade.

É fato que Campinas ainda não tem a densidade demográfica suficiente para ter um sistema metroviário. Apesar da grande quantidade de pessoas que moram nas regiões do Campo Grande e do Ouro Verde, um sistema de metrô seria muito caro pela quantidade de pessoas que seriam transportadas ao longo de um dia, por isso o BRT é o mais adequado (desde que funcione de forma correta e ordeira), mas jamais custaria 70 vezes mais.

De acordo com os guias de mobilidade do Governo Federal e outros especialistas, um sistema BRT é 10 vezes mais barato que um sistema metroferroviário, ou seja, o máximo que um metrô poderia custar em Campinas é algo em torno de 5 bilhões de reais, até pelo fato de praticamente não existir a necessidade de desapropriações. A prefeitura “engordou” o número para transmitir a falsa impressão de que o BRT é uma obra muito barata. O ODC está de olho!

Da Redação ODC.