A aplicação de toxina botulínica para rejuvenescer a face tem ficado cada vez mais popular. Segundo dados divulgados em 2016 pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, os procedimentos não cirúrgicos, como o preenchimento e a toxina botulínica, chegam a ocupar 47,5% da agenda de especialistas. Porém, muitas pessoas ainda chegam ao consultório com dúvidas sobre o que é e para que exatamente o procedimento é indicado. “A toxina botulínica é uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum, causadora do botulismo, que age como um bloqueador neuromuscular, impedindo a contração da musculatura na área em que é injetada”, explica o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University.
Atualmente, com o avanço das pesquisas nas mais diversas áreas, a toxina possui diferentes aplicações. Em casos de paralisia facial, por exemplo, a toxina botulínica pode ser utilizada para melhorar a assimetria da face causada pela contração dos músculos, harmonizando o rosto. Além disso, estudos apontam que a substância pode ser utilizada na melhora de cicatrizes hipertróficas e queloides. Outra aplicação comum da substância é para o tratamento de sudorese excessiva em diversas áreas do corpo e bruxismo, condição caracterizada pelo ranger involuntário dos dentes. “De alguns anos para cá, a toxina botulínica também passou a ser utilizada como forma de prevenir a ocorrência das crises de enxaqueca, melhorando a qualidade de vida dos pacientes afetados com a condição clínica, visto que age como um bloqueador neuromuscular, impedindo a contração muscular e, por consequência, a compressão dos nervos sensitivos periféricos, que é justamente uma das causas da enxaqueca”, afirma o Dr. Paolo Rubez.
Porém, apesar de possuir inúmeras indicações, a toxina botulínica continua sendo majoritariamente utilizada para fins estéticos, sendo recomendada pelo dermatologista ou cirurgião plástico de acordo com o quadro clínico de cada paciente. “Não existe um momento exato para iniciar a aplicação da toxina. Para saber se o procedimento é recomendado para você, o ideal é consultar um médico. Hoje, até mesmo jovens de vinte anos podem realizar o procedimento visando a prevenção das rugas e linhas de expressão. Ainda assim, o tratamento possui contraindicações, incluindo gestantes, lactantes, indivíduos alérgicos à proteína do ovo e aos componentes da toxina botulínica, pacientes com doenças neuromusculares ou autoimunes e pessoas com infecções em atividade nos locais onde a substância será aplicada”, alerta a dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Mas mesmo se você estiver apto a passar pelo procedimento, saiba que é importante tomar alguns cuidados, como certificar-se que o profissional que realizará a aplicação da substância é qualificado, pois, segundo a dermatologista, a toxina botulínica pode causar uma série de complicações quando aplicada da maneira errada, como desvio do sorriso, queda da pálpebra, paralização de músculos errados, danos aos nervos e vasos sanguíneos e até mesmo cegueira e insuficiência respiratória. Logo, é fundamental que o procedimento seja realizado por um profissional com conhecimento profundo da anatomia da face e de seus músculos. A Dra. Beatriz Lassance ressalta também que se deve tomar cuidado com aplicações muito baratas da toxina botulínica, pois, apesar de parecerem um bom negócio à primeira vista, estas podem ser feitas com produtos de qualidade duvidosa, o que pode trazer sérias complicações, como irritações, reações inflamatórias, alergia e infecções. “A diluição do produto também é importante, pois, se for muito diluído, ficará obviamente mais barato, mas sua durabilidade e efeito serão menores”, completa a cirurgiã.
De acordo com a Dra. Kédima, o efeito da toxina botulínica é individual, podendo variar de pessoa para pessoa, mas, geralmente, dura em torno de 4 a 6 meses. “Porém, é possível prolongar o efeito do tratamento através de cuidados como evitar retoques frequentes, conferir se a substância está sendo aplicada nas doses corretas, utilizar hidratantes e fotoprotetores diariamente e evitar realizar contrações musculares exageradas”, recomenda a dermatologista. É importante reforçar ainda que a toxina botulínica não age instantaneamente, demorando cerca de uma semana para que os resultados do procedimento fiquem visíveis. “Caso você não esteja satisfeito com o resultado do procedimento, o ideal é esperar um intervalo de, no mínimo, 3 meses antes de se submeter a uma nova aplicação da substância para evitar que seu organismo desenvolva resistência à toxina, fazendo com que o produto tenha seus efeitos reduzidos e necessite ser aplicado em doses cada vez maiores para alcançar o resultado desejado”, diz o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez.
Por fim, é importante que você converse com seu médico e tire todas as suas dúvidas com ele antes de se comprometer com o procedimento. Pergunte sobre a técnica, o produto, as possíveis complicações, o pré e o pós-procedimento, os resultados. Apenas assim você se sentirá realmente segura para realizar o tratamento. “Mas mantenha a mente aberta, pois, apesar da aplicação de toxina botulínica ser um dos procedimentos mais conhecidos e também um dos mais realizados em consultórios médicos em todo o mundo, existem inúmeros outros tratamentos estéticos que podem ser feitos e que podem ser ainda melhores para o seu caso, afinal, a toxina botulínica não é capaz de resolver todos os problemas. Lasers, preenchedores, bioestimuladores, fios de sutura, microagulhamento e até mesmo cirurgias são apenas algumas das opções de tratamentos estéticos que existem hoje e que podem ser mais indicados no seu caso do que a aplicação da toxina botulínica”, finaliza a Dra. Beatriz Lassance.
FONTES:
DRA. BEATRIZ LASSANCE – Cirurgiã Plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis – Amsterdam -NL e é Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery. Além disso, é membro do American College of LifeStyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.
PAOLO RUBEZ – Cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico é especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University, com o Dr Bahman Guyuron (em Cleveland – EUA) e em Rinoplastia Estética e Reparadora, pela mesma Universidade e pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. http://drpaolorubez.com.br/
DRA. KÉDIMA NASSIF: Dermatologista e Tricologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Associação Brasileira de Restauração Capilar. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, possui Residência Médica em Dermatologia também pela UFMG; realizou complementação em Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal, transplante capilar pela FMABC e em Cosmiatria e Laser pela FMABC. Além disso, atuou como voluntária no ensino de Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. www.kedimanassif.com.br
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