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      Vereadores de Campinas acham que pedir linha de ônibus é igual lanche: pá e pronto

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      Tem vereador de Campinas que acha que pedir linha de ônibus para a Emdec é igual chegar ao drive-thru do McDonald’s e falar: me dá um número 2, por favor.

      O ODC anda consultando as requisições feitas pelos nobres ‘edis’ (sim, esse é um nome pomposo usado para falar dos vereadores; isso em 1230, quando a maioria já estava mamando nas tetas dos governos por aí) para a Emdec, e tem cada coisa.

      Tem coisas que doem os olhos (e outras partes do corpo).

      Exemplo 1:

      O vereador Filipe Marchesi (PSB, mesmo partido do vice-prefeito de Campinas) fez uma requisição pedindo pedindo, textualmente, o seguinte:

      “Que a linha 433 (Estação Icaraí) atenda ao Corredor Central”.

      Alto lá. A linha 433 tem como itinerário oficial o residencial Morada das Bandeiras, e, apesar de passar pela Estação Icaraí, não tem esse nome. Até porque a própria Emdec abandonou o conceito de Estação Icaraí há muitos anos.

      A mudança para o Corredor Central geraria mais dois problemas: lotar ainda mais as vias, que já estão sobrecarregadas (e em péssimo estado de conservação), e alterar o tempo de espera da linha, que hoje é de 1h09, para 1h30 ou mais.

      A 433 foi criada como uma alternativa para deslocamento dos moradores do Jardim das Bandeiras após a queda da ponte da Rua Ferdinando Turquete. Na prática, a linha deveria ter sido extinta quando uma ponte provisória foi feita pelo Exército, permitindo novamente a ligação entre o bairro e o Jardim São José.

      Exemplo 2:

      O vereador Cecílio Santos (PT), que faz parte da comissão de transporte da Câmara, pediu uma linha absurda

      “A criação de um atendimento do Conjunto Residencial São Bento para o centro da cidade, de preferência semiexpresso”.

      Isso, e vê também umas fritas e um milkshake para acompanhar o pedido. Como parte integrante da comissão de transportes, o vereador deveria saber que, para criação de uma linha de ônibus, é necessário um estudo de demanda e ver se realmente compensa fazer isso, até pelo tempo que demora, o intervalo proposto e coisas do tipo.

      Uma linha como essa seria um tiro no pé de todo um sistema de transporte que, apesar de extremamente fragilizado, é o que se espera de um esquema tronco-alimentador: linhas de bairro indo para terminais, e de terminais para o centro.

      Por mais que o povo campineiro tenha má vontade em fazer a integração (e o próprio sistema de transporte é parcialmente culpado por isso, porque os ônibus demoram anos para aparecer), começar a atender esses tipos de pedido seria praticamente decretar uma falência coletiva: do sistema de transporte, das empresas, da cidade, de tudo.

      Exemplo 3:

      O vereador Major Jaime (PP) pediu urgência para que a Emdec crie uma linha de ônibus que ligue a Rua Sylvia da Silva Braga, número 415, ao centro.

      Sabe onde é esse endereço? A Etec dos Amarais.

      Mesma Etec em que passam as linhas 310, 311, 312, 313, 316, 317, 318 e 381. O vereador deseja que a linha pare dentro da sala de aula também? Quer que o ônibus faça a prova para os alunos?

      Exemplo 4:

      O vereador Otto Alejandro (PL) pediu para que a linha 122 atenda também o Jardim Maria Rosa, sendo que a linha já faz um atendimento parcial ao bairro.

      Deseja também que o ônibus vá até o Centro pela Santos Dumont, volte, e depois continue o itinerário?

      Exemplo 5:

      Rubens Gás (DEM) alega que os moradores do CDHU Amarais estão andando que nem sardinha nos ônibus da 313, e pede que seja criada uma nova linha de ônibus para o centro, se possível com ônibus articulados.

      Quê articulados? A VB 3 só tem aqueles que andam na 316, isso quando não quebram. E, para quê outra linha? Ora, nobre vereador: peça para que se melhore o intervalo da 313, mas não peça para criar uma nova linha.

      Detalhe: o mesmo vereador enviou um outro requerimento, absolutamente igual, pedindo uma nova linha para o Parque Cidade, que já é atendido pela 316 e por ônibus articulados. Muito bem! Conhece bem o reduto eleitoral.

      E imaginar que os vereadores vão ganhar R$ 17 mil por mês a partir de 2025. E, com certeza, muitos vão ser reeleitos, porque nós não sabemos votar.

      (Com a colaboração de Gabriel Elias)