História dos Transportes em Campinas | A região do Ouro Verde (Capítulo 6)

Na região da Rodovia Santos Dumont os primeiros bairros começavam a aparecer depois que indústrias surgiam nas vias lindeiras. Várias pequenas empresas foram sendo montadas nas vias laterais e os bairros apareceram.

Um dos bairros mais emblemáticos da região é o Jardim Itatinga. Considerado o maior prostíbulo a céu aberto da América Latina, o bairro foi planejado durante o governo do prefeito Ruy Hellmeister Novaes.

Até meados dos anos 1960 do século passado, o grande ponto do chamado “entretenimento adulto” em Campinas eram as imediações da Estação Ferroviária, onde havia uma grande circulação de pessoas.

Com as chegadas e partidas de muita gente pelas vias da Companhia Paulista e da Companhia Mogiana, as prostitutas aproveitavam para ganhar dinheiro e usavam os pequenos hotéis das imediações.

Em um processo visto por muitos como “higienização” do Centro da cidade, o então prefeito Ruy Novaes decidiu que todas aquelas mulheres deveriam sair dali e não oferecer mais esse tipo de “serviço”.

Para tentar resolver isso de alguma forma, a prefeitura resolveu criar um bairro bem distante do Centro. É sempre importante lembrar que toda essa mudança foi apoiada por maior parte da população.

Em 1966 as prostitutas começaram a ser proibidas de exercer seu trabalho na região central. Elas começaram a ser perseguidas pelo poder público, que paralelamente a isso iniciou acordo com as donas de bordéis instalados nas imediações da estação ferroviária.

Diante do cenário de higienização iniciado pelo governo de Ruy Novaes, começou a construção de um novo bairro dentro da antiga Fazenda Pedra Branca, que produzia café. Em tupi-guarani, Pedra Branca é Itatinga, por isso o nome do bairro.

Na época, a região era absurdamente distante do Centro, ficando a poucos quilômetros do também excessivamente distante Aeroporto de Viracopos. Foi feita toda a infraestrutura necessária para que os prostíbulos se instalassem num local onde ao redor só tinha mato.

O transporte coletivo para a região era inexistente, feito unicamente pela linha de Indaiatuba operada pela Viação Bonavita. Roteiros urbanos ainda não chegavam à região, deixando tudo isolado.

Com o passar do tempo, o bairro foi crescendo e recebendo pessoas que não tinham ligação com a prostituição, por ser um local barato e de pouco interesse. E assim várias vilas foram nascendo no espaço da antiga fazenda.

No próximo capítulo, veja como foi o desenvolvimento dos novos DICs.

Sobre o ODC

Este é o único site da região que trata do transporte coletivo e mobilidade urbana com a seriedade, rigor e precisão que o tema merece.

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