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      Se Emdec quer saber realmente quantas pessoas andam no BRT, tem que fazer operação de guerra

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      Um sistema de transporte é definido pela quantidade de passageiros que circulam diariamente nele. A contagem desses passageiros é feita pela catraca, onde as pessoas passam o Bilhete Único, tem a tarifa descontada, a passagem liberada, e assim vão para os demais assentos do veículo.

      (Isso em teoria, né, quando ninguém pede carona, ou motorista abre a porta porque está cheio)

      Mas, como fazer a contagem de um sistema em que, por natureza, os passageiros entram em veículos que não tem catraca ou pelas portas traseiras?

      Esse é o desafio que a Emdec tem que lidar agora. O ODC pediu, via Lei de Acesso à Informação, a tabela completa de passageiros que circularam por todas as linhas de Campinas nos últimos meses. Em janeiro de 2024, o ranking das linhas do BRT ficou o seguinte:

      1. BRT20 (Terminal Campo Grande – Parador) – 86.794
      2. BRT10 (Terminal Ouro Verde) – 45.548
      3. BRT25 (Terminal Satélite Íris – Parador) – 40.839
      4. BRT11 (Terminal Vida Nova) – 7.698
      5. BRT12 (Terminal Campos Elíseos) – 1.350
      6. BRT21 (Terminal Campo Grande – Semiexpresso) – 207
      7. BRT26 (Terminal Satélite Íris – Semiexpresso) – 0

      Só que esses números não são totalmente confiáveis. Primeiro que esses valores contam apenas os embarques que são feitos pela porta da frente dos ônibus. Ou seja, no Corredor Central e Terminal Central (e Santa Lúcia, no caso da BRT10 e BRT11). Não é possível estimar quantas pessoas entraram nas estações do BRT pelo caminho, porque não há uma contagem específica de passageiros que entram nos veículos.

      Olhando os números, há uma grande discrepância entre as linhas paradoras e as semiexpressas. Só que isso também está errado. Entenda:

      As linhas semiexpressas não param em pontos convencionais. Logo, os passageiros não passam pela catraca do ônibus. Passam apenas pelas catracas das estações. Mas, é possível dizer quantos passageiros entraram na Estação Aurélia e embarcaram em ônibus da BRT20? Não.

      Mas porquê a BRT21 aparece com 207 passageiros, então? O validador tem a linha configurada, porém acontece da configuração estar errada, pelos mais diversos motivos. Ou o carro foi colocado na BRT20 por uma situação emergencial e o validador não foi alterado, ou simplesmente foi configurado errado. De todas as formas, isso é uma falhar.

      É importante reforçar que não citamos aqui as linhas alimentadoras do Terminal Satélite Íris, que também tem a mesma ‘defasagem’.

      Então?

      Se a Emdec realmente quer ter uma ideia mais precisa de qual o comportamento dos usuários usando o BRT, vai ter que fazer uma verdadeira operação de guerra, ou deixar abertamente claro que os números são apenas de passageiros que passam pelas catracas dos ônibus.

      O que seria a operação de guerra? Provavelmente, em uma semana, mobilizar dezenas de funcionários para ficar em cada porta de estação do BRT contando quantos usuários entram nos ônibus em cada linha, tentando organizar a fila, etc. Usar tablets ou a famosa papeleta, depois entregar tudo para que alguém faça a tabulação. É completamente absurdo, mas é uma alternativa.

      Ou tentar contratar algum serviço que ofereça contagem de pessoas (há muitos anos, alguns veículos da Cotalcamp tinham um sistema parecido). Nesse caso, ainda há vantagens e desvantagens. O primeiro problema é o tempo que isso vai demorar para ser feito, como costuma sempre acontecer em Campinas. Toda licitação tem um problema.

      A parte boa é que, por ser uma licitação, pode sobrar alguma coisa para um churrasquinho.