“Minha mãe é uma italiana de 79 anos, de pele muito clara e com muitas manchas ocasionadas pela exposição ao sol. Por isso, levo-a periodicamente ao dermatologista. Recentemente, apareceu uma lesão que cresceu e acabou necessitando de uma cirurgia para retirada”, relata a administradora de empresas Christina Pelizaro sobre a descoberta e o tratamento da doença da mãe, Luzia Poppi Gonçalves Dias Pelizaro.
A lesão, maligna, geralmente é rósea, avermelhada ou escura. Ana Paula Giovannetti, médica dermatologista do Vera Cruz Hospital, explica que uma das principais causas da enfermidade é a exposição excessiva ao sol, o que traz um alerta neste mês, que marca a chegada do verão.
“Nesta época, há um aumento das atividades realizadas ao ar livre e, portanto, é preciso redobrar os cuidados. A radiação solar incide com mais intensidade na pele e não podemos deixar a fotoproteção de lado. Por isso, a importância do Dezembro Laranja, instituído pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, que conscientiza sobre prevenção e combate ao câncer de pele”, destaca.
A especialista conta que pessoas com descendência europeia, como os italianos, possuem a pele muito clara e muito sensível ao sol, o que pode favorecer o surgimento de manchas e da própria doença.
Outros fatores de risco para o desenvolvimento da patologia estão no histórico familiar, na exposição prolongada e repetida ao sol, principalmente na infância e na adolescência, e no uso de câmeras de bronzeamento artificial.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) trazem uma informação alarmante: o câncer de pele não melanoma é o carcinoma mais frequente no Brasil.
Corresponde a cerca de 33% de todos os tumores malignos registrados no país. Este ano, o tema da campanha é “Adicione mais fator de proteção ao seu verão”, de modo a incentivar o uso do protetor solar.
Na visão da dermatologista, além do uso do protetor solar, também é importante prestar atenção às vestimentas do dia a dia.
“As pessoas precisam se proteger. Pode ser com chapéu, boné, camisetas de proteção para raios UV. Na praia, jamais dispensar um guarda-sol ou barracas de tecido bem grosso”, exemplifica.
Ao contrário de outras patologias, normalmente, o câncer de pele não tem sintomas e, por isso, demanda a urgência de se procurar por um especialista ao surgimento de qualquer anomalia na pele. A adoção de hábitos de vida saudáveis também é benéfica.
“O olhar de um dermatologista para a pele é diferente. O que para um leigo pode ser uma coisa horrorosa e algo ruim, pode ser avaliado como benigno, enquanto uma pequena pinta pode ser um câncer de pele. Inclua na rotina a ingestão de muito líquido, hidrate a pele e mantenha uma dieta leve”.
O tratamento da enfermidade pode ser feito em consultório, com a aplicação de cremes, ou com uma cirurgia para retirar eventuais lesões.
“No Vera Cruz Hospital, 60% dos procedimentos são para tratar o basocelular, que é o câncer de pele mais comum – pequenas manchas que vão crescendo lentamente ao longo do tempo, mas que não afetam outros órgãos além da pele. Outros 35% são para o tratamento de carcinoma espinocelular, que se originam na camada mais superficial da epiderme, e os outros 5% para tratar melanomas, que ocorrem quando as células produtoras dos pigmentos que dão cor à pele tornam-se cancerígenas, tipo mais grave da doença”, pontua a dermatologista.
“No caso da dona Luzia, por exemplo, removemos uma lesão ocasionada por um carcinoma espinocelular, que atinge áreas do corpo expostas ao sol, como rosto, orelhas, pescoço, lábios e dorso das mãos. A paciente não apresenta mais a doença e segue em recuperação em casa”, conclui Ana Paula.