Considerado um dos tipos de câncer mais recorrentes no Brasil visto que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, corresponde a 33% de todos os diagnósticos da doença no país, o câncer de pele tem como principal fator de risco a exposição prolongada e desprotegida a radiação ultravioleta do sol. Porém, a exposição solar não é o único fator de risco para o aparecimento do problema. Elementos como fototipo de pele e genética também aumentam a predisposição da doença. E, com o avanço de pesquisas na área, novos facilitadores para o surgimento do câncer de pele vêm sendo descobertos. Por exemplo, pesquisadores dinamarqueses, em estudo publicado no Journal of the American Academy Dermatology, descobriram que a hidroclorotiazida, um medicamento diurético comumente utilizado para o tratamento de hipertensão arterial, também está associado ao desenvolvimento de tumores na pele. “Há muito essa substância vem sendo associada ao aumento do risco de queimaduras solares. Mas esse estudo aponta que quem faz uso da medicação também tem mais chances de desenvolver os dois principais tipos de câncer de pele: o carcinoma basocelular (CBC) e o carcinoma espinocelular (CEC)”, explica a dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Porém, o estudo possui limitações, visto que não é o tipo de estudo desenhado para provar relações de causa e efeito, além de não ter levado em consideração o fototipo de pele dos pacientes e a quantidade de radiação UV a qual cada um desses indivíduos se expôs durante a vida, fatores importantes para o desenvolvimento da doença. Mas esse fato não torna o estudo menos relevante, já que outras pesquisas sobre o assunto também chegaram a resultados parecidos. “Por isso, pacientes que usam a hidroclorotiazida devem tomar cuidado com a exposição prolongada ao sol e sempre fazer uso de fotoprotetor com FPS 30, no mínimo, que deve ser aplicado diariamente e reaplicado a cada duas horas até mesmo em dias nublados”, recomenda a médica.
Pacientes que já tiveram câncer de pele ou possuem predisposição a doença e fazem uso do medicamento devem redobrar os cuidados e consultar um médico para verificar a possibilidade de trocar a hidroclorotiazida por outra medicação, além de ficar atento ao surgimento de novas lesões na pele. “Pintas muito grandes, assimétricas, com bordas irregulares, coloração diferenciada e que mudam de aparência com o tempo podem ser alertas de que você pode ter câncer de pele. Se for o caso, deve-se procurar um médico para realizar o diagnóstico. Quanto antes for diagnosticado, maiores são as chances de o tratamento ser bem-sucedido”, finaliza a Dra. Kédima Nassif.
DRA. KÉDIMA NASSIF: Dermatologista e Tricologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Associação Brasileira de Restauração Capilar. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, possui Residência Médica em Dermatologia também pela UFMG; realizou complementação em Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal, transplante capilar pela FMABC e em Cosmiatria e Laser pela FMABC. Além disso, atuou como voluntária no ensino de Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. www.kedimanassif.com.br
Estudo: https://www.jaad.org/article/S0190-9622(17)32741-X/fulltext
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