A história parece se repetir: primeiro você para de usar métodos contraceptivos, depois já começa a fazer planos. “Tem escolinha perto de casa?”; “Será que vou precisar de uma babá?”; “Talvez eu tenha que comprar roupas maiores”. Os meses se passam e, a cada chegada da menstruação, uma frustração. Amigas engravidam, parentes perguntam quando virá um bebê e, diante do desespero e da vontade de ser mãe, qualquer receita que prometa ajudar numa possível gravidez é levada em consideração. É comum encontrar na internet receitas “infalíveis” de chás e outros produtos que prometem melhorar a produção de hormônios e, por consequência, a fertilidade.
“Apesar da dor, da ansiedade de realizar o sonho e do desânimo por não conseguir engravidar após um ano de tentativas frustradas, o mais importante é procurar um especialista capacitado para investigar uma possível infertilidade!”, destaca Cláudia Navarro Entre as receitas encontradas na internet estão chás, misturas de ervas, produtos importados, remédios preparados com componentes naturais e até remédios que deveriam ser indicados apenas pelo especialista, como indutores de ovulação.
“É um risco! Cada caso é um caso. O remédio que o médico indicou para sua amiga pode não ser o mesmo a ser indicado para você”, orienta Cláudia Navarro. A médica conta que, muitas vezes, entre as receitas encontradas na internet, a mesma substância indicada em um chá para melhorar a fertilidade, é considerada abortiva em outro site. Em ambos os casos, segundo a especialista, não há nenhuma comprovação científica.
Informações desencontradas prejudicam – De acordo com Cláudia Navarro, existe muita desinformação na internet, como a afirmação de que o uso de anticoncepcional por muito tempo pode atrapalhar a fertilidade feminina. “Isso é mito. As pílulas deixam de fazer efeito no organismo quando a mulher para de tomá-las. É preciso ficar atento a essas informações”, alerta a médica. Tomar ácido fólico é outra dica comum e que não passa de uma interpretação errada, segundo a médica.
Esse componente não ajuda a engravidar. “Ele é recomendado para mulheres que precisam de reposição dessa vitamina, pois é importante para evitar a malformação fetal. Geralmente, a tentante deve começar a tomar ácido fólico por cerca de um ou dois meses antes de engravidar, quando está começando um tratamento com um especialista”, explica. Além disso, a especialista lembra que os motivos para a infertilidade são variados.
Após um ano de tentativas sem sucesso, 35% dos casos de infertilidade estão relacionados à mulher, 35% estão relacionados ao homem, 20% a ambos e 10% têm causas desconhecidas. A maioria dos casos tem tratamento. Os problemas podem estar relacionados a doenças, hereditariedades, consequências de cirurgias, estilo de vida, alimentação, problemas hormonais, e uma série de variáveis que só serão descobertas a partir de exames solicitados por especialista em reprodução humana.
Sobre Cláudia Navarro – Cláudia Navarro é especialista em reprodução assistida. Graduada em Medicina pela UFMG em 1988, titulou-se mestre e doutora em Medicina (obstetrícia e ginecologia) pela instituição federal. Atualmente, atua na área de reprodução humana, trabalhando principalmente os seguintes temas: infertilidade, reprodução assistida, endocrinologia ginecológica, doação e congelamento de gametas.