As histórias antes de dormir têm um papel fundamental e trazem inúmeros benefícios para o desenvolvimento cognitivo das crianças. Um estudo realizado pela Universidade Federal do ABC em parceria com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino feito com crianças de 2 a 7 anos internadas em UTIs demonstrou que elas não só tiveram seu nível de dor e cortisol reduzidos, como também ganharam mais confiança e positividade diante do tratamento após passarem por sessões de contação de histórias durante o período de internação.
O contato inicial com as histórias através da leitura em voz alta feita por pais e cuidadores, ainda segundo o estudo, é um importante estímulo para a leitura autônoma durante e após a alfabetização.
Uma pesquisa do Instituto Pró-Livro feita em 208 municípios brasileiros demonstrou que cerca de 14% dos leitores de livros de literatura no país tem entre 05 e 10 anos de idade e cerca de 48% deles têm no gosto pela leitura a maior motivação para a leitura. A pesquisa ainda demonstra que as pessoas que mais são capazes de estimular o gosto pela leitura são os professores (11%) e as mães ou responsáveis do sexo feminino (8%).
Além de prepará-las para a leitura, as histórias para dormir também são um importante recurso para ensinar a lidar com os desafios do dia a dia. Através das narrativas contadas, as crianças têm acesso a um amplo repertório de palavras novas, acessam novas emoções e têm a sua criatividade e imaginação estimuladas.
“As histórias para dormir fazem bem para a criança porque elas auxiliam no desenvolvimento dela, tanto o desenvolvimento emocional quanto o cognitivo. É uma forma de introduzir a criança ao mundo”, afirma o psicólogo Thiago Schaffer Carvalho.
Ainda segundo o profissional, a identificação com personagens e a associação com objetos promovem a “percepção do mundo externo”, o que é importante para a introdução ao que seria uma nova realidade.
A importância das histórias para dormir
Contar histórias para dormir tem papel importante para estimular a imaginação infantil, na criação de vocabulário, na relação de sentimentos e emoções e na aproximação com os pais, além de uma série de outros benefícios, como a redução do estresse, conforme aponta o estudo da UFABC.
Ao contar histórias para crianças, os pais propõem uma imersão à fantasia, pois elas se atentam aos detalhes e ainda trabalham a atenção plena, focando no momento presente. “Muitas vezes é um momento que os pais ou os responsáveis pela criança têm uma troca de afetividade e de carinho. Então, o principal benefício está na criação de um vínculo e no estreitamento desse laço”, afirma Schaffer Carvalho.
Quando começar a contar histórias?
De acordo com Carvalho, não existe uma idade para começar a contar histórias. Para ele, quanto mais cedo começar essa prática é melhor para o desenvolvimento infantil. Ou seja, histórias para bebês também são positivas nesse sentido, porque ao escutar as narrativas, as crianças trabalham alguns estímulos que, no futuro, serão importantes para a fácil aprendizagem de leitura e escrita.
“O quanto antes melhor, principalmente na primeira infância, quando a criança ainda está aprendendo a falar e a se comunicar. O fato de ela escutar os pais ou os responsáveis falando com ela, lendo e ela vendo a movimentação da boca, ajuda muito a desenvolver essas capacidades o quanto antes”, disse o psicólogo. “Desde recém-nascido, a contação de histórias, a conversa e a estimulação com a criança é sempre muito importante pro seu desenvolvimento”, completou.