A adolescência é um período caracterizado por inúmeras transformações em aspectos orgânicos ou psicossociais, pois preciso é o momento de lidar com a aceitação dos próprios corpos, inserção em círculos sociais e estabelecimento de novas amizades.

Fatores que, segundo o cirurgião plástico Francisco Albuquerque, podem ser influenciados por uma idealização e distorção estética de um corpo ideal.

Segundo os dados mais recentes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), do total de intervenções cirúrgicas anualmente realizadas (sem separação entre estética e reparadora), uma média de 1,8% são feitas em crianças até 12 anos, e 4,8% em adolescentes de 13 a 18 anos, um percentual de 6,6% no total.

“Sempre acompanhados dos pais, os jovens geralmente buscam por correção de orelhas de abano, rinoplastias, implantes de silicone para meninas de pouco busto, redução mamária para tratamento de mamas excessivamente grandes (em jovens de ambos os sexos), além de lipoaspiração, para a correção de Lipodistrofia, que é a distribuição anormal de gordura no corpo”, explica Albuquerque.

O especialista ainda comenta que esse movimento é mais frequentemente observado pelos cirurgiões durante as férias escolares e no verão, pois se trata de um período em que essa faixa de idade possui maior tempo disponível para recuperação pós-operatória devido ao recesso escolar.

Algumas cirurgias, porém, costumam ser indicadas para corrigir problemas de saúde, como no caso da rinoplastia com desvio de septo; da mamoplastia em pacientes com alteração postural ou problemas de coluna; ou até mesmo intervenções que possam melhorar significativamente a autoestima de jovens que precisam de ajuda profissional para se tornarem mais confiantes e sociáveis.

​“É preciso que haja longas conversas com aqueles mais jovens a fim de entender o motivo que os levou a procurar uma cirurgia plástica, pois seguir tendências de moda ou se tornar parecido com alguma celebridade não devem ser atitudes vistas como plausíveis, independentemente da faixa etária”, alerta o médico.

​O especialista afirma que procedimentos cirúrgicos com fins exclusivamente estéticos são mais recomendados para as pessoas a partir dos 18 anos, pois já possuem autonomia e maturidade para tomarem decisões.

“Dessa forma, a cirurgia plástica em adolescentes deve ser vista apenas como um meio para alcançar mais qualidade de vida, a fim de proporcionar a determinados jovens um bem-estar físico, social, mental e psicológico.”