Ao receber o diagnóstico de câncer, a vida do paciente muda. Há um misto de medo do estigma, de perder o cabelo e, claro, da morte.
Em seguida vem uma rotina de consultas médicas, quimioterapia, radioterapia e o uso de diferentes medicamentos.
“Com isso, ele precisa de acolhimento, de colocar suas dúvidas, de ter respostas. E isso não acontece por meio do whatsapp”, diz a oncologista Alessandra Menezes Morelle.
Com essa certeza em mente e também por conta da sua experiência clínica, a médica percebeu a importância de ter um canal direto e efetivo entre especialistas e pacientes.
Ela então se uniu a outros dois médicos, Carlos Henrique Escosteguy Barrios, Carlos Eurico Pereira e o engenheiro executivo da indústria de tecnologia Ronaldo Aloise Jr, para criar o Thummi, um aplicativo que ajuda pacientes, clínicas, médicos e hospitais a melhorar e humanizar o tratamento do câncer – único com este modelo no Brasil.
“Tumi é o deus inca da medicina. Até hoje os peruanos cultuam esse deus, que para eles traz proteção durante os procedimentos. Essa divindade inspirou o nome. E o H vem de humanização”, explica Alessandra.
Como funciona
O paciente reporta o que está sentindo por meio do aplicativo e o algoritmo informa sobre o risco de que algo mais grave possa estar ocorrendo.
Cada efeito adverso comunicado é avaliado e o paciente é notificado sobre o autocuidado e se há necessidade de procurar atendimento médico ou emergência.
A plataforma permite fazer o monitoramento do paciente e com isso conseguir dar maior conforto a ele e ao mesmo tempo mais assertividade ao tratamento.
“Por meio do Thummi, é possível fazer registros diversos, desde os sintomas físicos até humor e a listagem de medicamentos. O app segue a tendência da Medicina que é monitorar o paciente onde ele estiver, além de facilitar o trabalho da clínica ou hospital”, afirma Alessandra.
A médica conta que as mulheres com diagnóstico de câncer de mama são maioria entre os usuários do aplicativo e a principal queixa que elas relatam é a insônia.
“Esse dado é importante porque mostra que elas sofrem de ausência de sono durante muitas noites. Acredita-se que isso ocorra por conta das alterações hormonais decorrentes do tratamento e também por conta do estresse. É um alerta para ser abordado nas consultas, porque os médicos em geral não perguntam se elas estão dormindo bem”, diz Alessandra.
Por meio da plataforma portanto, é possível fazer uma gestão da informação antecipada para o corpo médico.
“Na medida em que o paciente mantém as informações atualizadas, temos um retrato das condições dele, mesmo antes das consultas. É mais barato e eficiente. O paciente tem um meio seguro de se comunicar, a clínica monitora e se prepara para atender”, diz a médica.
A plataforma também foi desenvolvida em condições técnicas para a evolução do algoritmo para outras áreas, além da oncologia, como pneumologia, geriatria e saúde emocional.
Leituras e qualidade de vida
Saúde mental e qualidade de vida são muito importantes para o paciente oncológico.
Por isso, os gestores da plataforma deram ênfase a essas questões. Tanto que quando o paciente não apresenta algo grave, recebe informações sobre como melhorar sua qualidade de vida e também sugestões pontuais de leitura.
O paciente também conta com um diário de sintomas, para não correr o risco de esquecer de relatar algo na consulta com seu médico.
Com mais informações, ele vai poder direcionar o tratamento de forma mais específica visando o bem-estar e a cura.
Importante lembrar ainda que como qualquer tecnologia, o Thummi é aperfeiçoado conforme o uso. Quanto mais o paciente inserir na rotina, mais o aplicativo fica adaptado às preferências dele.
“E isso não vale só para personalizar o uso, mas também para nossa equipe realizar atualizações que auxiliem o paciente”, diz a médica.